Resenha: Não me Abandone Jamais

15/05/2020


Na minha postagem sobre autores vendedores do Nobel citei o livro Não me Abandone Jamais, do japonês Kazuo Ishiguro; que eu havia assistido a adaptação há alguns anos. Então aproveite o entusiamos que a postagem me deu para ler o livro e posso afirmar que foi a melhor decisão tomada, pois me deparei com um livro profundo e muito, mas muito lindo. Uma leitura para quem gosta de romance, drama, ficção cientifica e até mesmo infanto-juvenil. Pode parecer estranho, mas eu me senti muito a vontade com todos esses gêneros misturados nesta obra.

Apesar disso Não me Abandone Jamais é um livro muito melancólico e que me deixou bastante triste ao pensar em seus personagens conforme as revelações iam acontecendo. A obra é narrada pelo ponto de vista da jovem Kathy H., uma cuidadora de aproximadamente 30 anos, e em um contexto até mesmo biográfico somos apresentados a pequenos acontecimentos de sua primeira infância, infância e adolescência em Hailsham (uma especie de internato),  junto de seus amigos Ruth e Tommy, assim como a saída deles dali e o entendimento do que eles são de verdade e como eles se sentem em relação a isso.

Sem dar spoilers sobre o enredo, mas ainda assim usando de seus argumentos para falar sobre o livro, ao concluir a leitura pensei muito sobre o que é a arte em nossas vidas? Quais as artes que produzimos, mesmo que não sejamos um grande pintor ou musicista, que refletem quem somos; Que refletem até mesmo a nossa alma? Esses questionamentos surgem sutilmente com as revelações da obra e mesmo que ali não tenha nenhum efeito grandioso ainda assim para nós passar a ser a maior reflexão que o livro nos dá.
Quando me lembro daquele momento, hoje em dia, eu parada ao lado de Tommy numa ruazinha estreita, prestes a dar inicio à busca, sinto um calor bom me invadir o corpo. De repente, tudo parecia perfeito: uma hora inteira a nossa frente e nenhum jeito melhor de gasta-las. Tive de me controlar para não sair rindo feito uma boba nem começar a dar pulos na calçada como uma criança pequena. 

Kathy é uma personagem muito passiva e como narradora ela mesma entende essa característica ao nos contar sobre sua vida. Muitas vezes me irritei com sua passividade e em como ela permitia que as pessoas abusassem dela da forma como abusavam, mas ela era uma boa amiga e foi para todos até o final, com uma ponta de esperança que as coisas poderiam dar certo e as teorias da infância fossem reais e ao vê-la se decepcionando em contraste com outro personagem é muito ruim e como leitora me senti impotente em não ajuda-la.

Tenho certeza que esse livro irá te emocionar de alguma forma e te fazer repensar em conceitos sobre o ser humano e sua essência, assim como irá de fazer pensar em novos conceitos sobre a humanidade. Uma leitura bastante pesada no que diz respeito ao seu conteúdo mas necessária em paralelo com os rumos que a humanidade está tomando.

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Título: Não me Abandone Jamais (Never Let me Go) • Autor: Kazuo Ishiguro
Editora: Companhia das Letras • Tradução: Beth Vieira

6 comentários

  1. Nossa, realmente é um livro que parece ser bem melancólico mesmo. Amei o quite escolhido e foi incrível, fiquei morrendo de vontade. Estou lendo um livro agora que também tem muito a ver com a arte, amei e já coloquei na lista.

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  2. Oiieee

    Senti mesmo que é uma leitura mais pesada, bem fora da minha zona de conforto, mas ao mesmo me chama a atenção justamente por conseguir emocionar o leitor, por nos permitir refletir mais sobre a vida mesma e sobre nós. Não sei se leria agora,porque não m sinto no clima para leituras mais melancólicas, mas quem sabe futuramente sim.

    Beijos, Ivy

    www.derepentenoultimolivro.com

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  3. Oi Sil!!

    Acho que já ouvi falar do filme, mas, não cheguei a ver, eu não conhecia o livro e nem o autor, fiquei impressionado que o livro é ganhador de prêmio e eu moscando e não conhecia! As vezes essas leituras pesadas e doloridas são tão necessárias para que possamos de fato ver coisas que não percebemos, não sou muito de livro melancólico, você me conhece, mas quando consegui diminuir minha lista de leitura darei uma chance a esse!!

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  4. Olá!
    Eu tenho esse livro aqui na estante desde o lançamento, justamente porque adorei o filme e queria saber como é a história original, mas confesso que até hoje não o li. Eu tenho um grande problema com ficção científica, ainda mais por conta dos inúmeros termos que eu nunca entendo nada, e por isso esse livro está com um bloqueio enorme na minha cabeça, mesmo que eu já conheça a história. Porém, lendo essa sua resenha eu lembrei do porquê eu queria tanto ler o livro e agora até fiquei mais animada para tentar iniciá-lo. Adorei a forma delicada que você falou sobre o enredo!

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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  5. Estou com esse livro na minha meta de leitura já faz um tempinho.
    Eu gostei da premissa e acredito a carga emocional que deve conter. Estou otimista e espero conseguir ler em breve

    Sai da Minha Lente

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  6. olá

    grande parte do tempo somos passivos com as atitudes das pessoas em relação conosco. Pode observar e ver quantas vezes somos magoados e fingimos que não e deixamos passar e vira algo recorrente porque deixou que ocorresse sem punições.

    beijos

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