Resenha: O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi

27/07/2020


Ano passado recebi um presentinho de aniversário: Uma caixa da TAG inéditos. Como boa leitora que sou procrastinei por quase um ano até ler o livro da minha caixinha, mas agora que o fiz eu só posso dizer que deveria ter lido antes, pois assim estaria amando essa história há mais tempo.


Quando Selma disse que tinha sonhado com um ocapi durante a noite, estávamos certos de que um de nós haveria de morrer, provavelmente nas vinte e quatro horas seguintes.

O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi é um livro sobre relações e em como essa rede de pessoas que vivem ao nosso redor nos fazem ser quem somos, nos fazem ser pessoas melhores ou simplesmente não nos mudam. Este é um livro emocionante como nenhum outro que eu tenha lido, pois ele não precisa de uma carga dramática para mexer com o leitor (apesar de ter essa carga dramática, afinal alguém morre), ele simplesmente mexe com o leitor pois podemos perceber ali naquelas histórias um pouco de nós mesmos.

O livro é narrado por Luise, neta de Selma, desde a infância até a vida adulta. Ela é uma pessoa que foi moldada após ter perdido alguém ainda na infância,logo depois da terceira vez que Selma sonha com um ocapi. Então vemos uma moça tímida, travada como ela mesma diz, que sente um certo abandono por parte dos pais, mas muito amada por Selma e o oculista, um senhor que é secretamente apaixonado por Selma e pode-se dizer que ele representa a figura de um avô para Luise.

Quanto mais velho fico, mais acredito que fomos inventado apenas para você.

A cidade ficticia onde Luise vive é no interior da Alemanha, então todos ali se conhecem. Quando Selma sonha com um Ocapi a fofoca corre pela cidade e todos se preparam para o pior. Segredos são revelados, os apaixonados se declaram, e quem tem medo de morrer tenta nem sair do lugar no dia, mas quem quer morrer fica esperando a morte entrar pela porta e deixa uma janelinha aberta para a alma conseguir ir para o céu de forma tranquila. Quando o pior acontece todos ficam devastados, principalmente Luise, pois era alguém tão próximo a ela que essa morte sempre será carregada em sua vida, essa pessoa sempre será lembrada em seus melhores e piores momentos. É muito triste pensar que tão jovem ela tenha passado por algo tão terrível e por mais que o livro já avise na primeira frase de que alguém irá morrer ainda assim não tem como se preparar para algo tão terrível.

Apesar de Luise ser a narradora da história e a personagem principal o que eu senti que é que toda a cidade é protagonista desse livro, pois eles são muito descritos quando se trata de suas histórias pessoas, sentimentos e até algumas atividades do dia a dia. É como se Luise fosse uma narradora onipresente e onisciente da vida e dos sentimentos das pessoas ali. Pode parecer estranho um pouco, mas gosto da forma como ela nos dava as informações, pois não dava a impressão de que ela só sabia do fato mas sim que quem viveu aquilo contou a ela em algum momento. Então não foi estranho, por assim dizer.

Outra coisa que eu amei muito na história foram os diálogos. Acho lindo diálogos entre jovens e adultos, adultos e idosos, e jovens e idosos. Todos ali conversam de igual para igual e eu sei que isso foge da realidade, mas gosto muito da forma como o oculista fala com Luise sobre coisas da vida como se ele também estivesse aprendendo com ela enquanto ela aprende com ele, sabe? Pois eu acredito que a vida é assim: um constante aprendizado. Sem falar que os diálogos tem um jeito filosófico que eu adoro.

Okapi: O ocapi, é um mamífero artriodáctilo nativo do nordeste da República Democrática do Congo na África Central. Embora o ocapi tenha marcas listradas reminiscentes de zebras, é mais estreitamente relacionado com a girafa. O ocapi e a girafa são os únicos membros vivos da família Giraffidae.

O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi já se tornou um dos meus favoritos do ano e espero que em breve esteja disponível para compra para quem outras pessoas conheçam essa história.

Título: O Dia em que Selma Sonhou com um Ocapi (Was Man Von Hier Aus Sehen Kann)
Autora: Mariana Leky • Editora: TAG Livros / Planeta • Tradução: Claudia Abeling

Resenha: Daqui a Cinco Anos

22/07/2020


Há alguns anos tive a oportunidade de ler um livro da Rebecca Serle do qual gostei muito e então quando vi esse anuncio da editora sobre Daqui a Cinco Anos fiquei curiosa com esse novo livro. Vou dizer que Daqui a Cinco Anos tem seu mérito, já que é um livro fácil e rápido de ler, mas no quesito história para mim deixou a desejar. Cheguei a bater um papo sobre ele com meu amigo Alisson do Eita, Já Li e ele me fez até ter um novo ponto de vista sobre o livro que mesmo sendo muito bom ainda não me fez gostar dele tanto quanto eu gostaria.

Dannie é uma mulher bastanta organizada, pragmática até. Tudo na sua vida precisa ser planejado nos mínimos detalhes e nada de surpresas, ela odeia esse tipo de coisa. Há cerca de 3 anos ela namora com David e ele irá pedi-la em casamento em um dia especial, pois Dannie sabe que irá conseguir o emprego de seus sonhos em uma grande firma jurídica. Estava tudo indo muito bem, obrigada, até que ela tem um sonho completamente estranho onde está em um apartamento com um homem estranho e ele é seu namorado. As coisas ali para Dannie parecem totalmente fora dos eixos e ela não consegue viver com essa ideia, acaba procurando até uma terapia para conversar a respeito disso. Os anos se passam e ela nunca planejou seu casamento, mesmo que a vida esteja indo bem no meio profissional em seu relacionamento Dannie ainda está estagnada.Um belo dia sua melhor amiga, Bella, diz que está apaixonada e ao conhecer o rapaz Dannie se depara com o homem de seus sonhos.

Eu não sou de fazer resumos dos livros nas minhas resenhas, mas eu sinto que precisei nesse para tentar expôr de verdade o que senti ao ler esse livro. Dannie é uma boa protagonista, apesar de ser o tipo de protagonista que me irrita pelo seu jeito todo metódico, mas até tudo bem pois ela tem a qualidade de ser uma mulher que corre atrás do que quer, que planeja e faz, sabe? Mas só no trabalho... Em seu relacionamento as coisas estão tão frias que é até triste ver ela e David juntos durante essa história e sinceramente eu não sei se fiquei mais triste por ela ou por ele, pois David é o tipo de namorado/noivo que está ali para tudo sem reclamar, ele apoia, ele torce por ela, ele a ajuda em tudo que ela precisa sem nem ao menos pensar em si mesmo e talvez esse tenha sido o erro do rapaz: deixar de pensar em si em um noivado infinito. O negócio é que Dannie se prendeu nesse sonho por anos, de alguma forma aquilo a afetou que estagnou seu relacionamento com David, o que é uma pena, pois quando ela conhece Aaron (o homem do sonho) ele é o namorado de sua melhor amiga. Mais do que isso, já que ela e Bella se conhecem desde a infância e são praticamente irmãs.

Tudo seria muito mais fácil para os leitores se Bella fosse aquele tipo de amiga manipuladora e/ou abusiva, mas ao contrário, ela é uma personagem espontânea, engraçada, que ama e se preocupa com Dannie. Quando ela apresenta esse novo namorado a Dannie torcemos muito por ela, pois houve um histórico de boy lixo na vida dessa moça então acho que está mais do que na hora de tudo dar certo, e a história passou a desandar a partir desse ponto. Claro que esse não seria um livro de drama e romance se não acontecessem coisas dramáticas, né? Só faltou mesmo o romance, mas nesse ponto vou considerar que a autora quis passar alguma lição aos leitores que eu, aparentemente, não entendi.

Como eu disse anteriormente o livro é bem fácil de ler e por isso eu estava levando a leitura numa boa até cerca de 70% da história, só que a partir dai para mim foi ladeira abaixou por conta de umas decisões que a autora tomou para finalizar a história. Eu, Silviane, fiquei com raiva. Juro. Não tô feliz de admitir isso depois de tantas pessoas elogiando livro então eu sei que o problema é comigo e não com o livro. Vou deixar uma coisa clicável para quem quiser saber o que eu odiei tanto e que me fez odiar o livro.



Enfim, é isso... a resenha não é da melhor e da mais positiva, mas eu não poderia me expressar de forma diferente após o livro não ter mesmo funcionado para mim. Conversei com outras meninas que leram e algumas coisas pensamos semelhantes, mas no geral todas gostaram da história; Então isso só concluo que o problema foi mais comigo e com minha forma de pensar do que com o livro em si. De qualquer maneira é uma leitura a ser feita em um dia.

Título: Daqui a Cinco Anos (In Five Years) • Autora: Rebecca Serle
Editora: Paralela • Tradução: Alexandre Boide

Porquê você deve ler A Escola do Bem e do Mal

20/07/2020


Recentemente eu me deparei com a noticia de que A Escola do Bem e do Mal terá uma adaptação pela Netflix e fiquei super, mas super contente, pois adoro essa saga há uns bons anos e por ver que ela não é tão famosa assim nunca imaginei que haveria alguma chance de ela ser adaptada. Pois bem, chegou a nossa hora. Por mais que a série seja bem vista aqui no Brasil e o autor até tenha participado de uma Bienal do Livro em São Paulo (e eu fico tão triste por não ter ido no dia que ele foi) ainda acho que é uma saga que deveria ser mais divulgada pela editora (principalmente agora, né). Então hoje resolvi listar alguns motivos para você ler hoje mesmo A Escola do Bem e do Mal.

Contos de Fadas

Eu sei que muuuitas leitoras simplesmente amam aquelas histórias clássicas de contos de fadas que são aclamadas pela Disney (eu aposto que você é uma dessas) e por isso mesmo que você deve ler essa saga. Em A Escola do Bem e do Mal temos uma escola onde as moças boazinhas aprendem ser princesas e os monstros malvados aprendem a ser monstros e eles criam a sua própria história com seus nêmesis à partir de suas histórias ali na escola. Claro que A Branca de Neve, Cinderela, e Bela Adormecida são umas das mais famosas por ali, assim como o Barba Negra é um dos vilões mais famosos (mesmo que não seja muito bem sucedido).

Nada é o que parece

Temos o péssimo costume de julgar a todos pelas suas aparências e essa saga vai nos mostrar de uma forma simples que as coisas não são bem assim. Agatha é uma jovem que sempre viveu a margem da sociedade e tinha tudo para ser uma vilã, mas se surpreende quando vai parar na escola do bem ao invés na escola do mal e faz de tudo para trocar de lugar com sua melhor amiga, Sophie, que sempre sonhou em ir para a escola do bem e se tornar uma princesa. Será que foi realmente um erro? Ao longo de todos os livros vamos vendo as mudanças das personagens e refletindo sobre essa decisão do diretor da escola. Claro que elas não são as únicas personagens que nos obrigam a refletir sobre isso, já que com tantos personagens maravilhosos a saga só poderia ser um leve "tapa na cara" de quem julga os outros.

Montanha-russa de sentimentos

Todo leitor já leu aquele livro que mexeu de uma forma inexplicável, né? Eu garanto que A Escola do Bem e do Mal irá fazer isso. É uma história tão linda e tão emocionante que é quase impossivel não ter essa montanha-russa de sentimentos com a leitura. Há alguns plot twists que nos fazem arfar e pensar "como nunca pensei nisso antes? Isso muda tudo" e a história pega um novo rumo.Sério, essa saga é maravilhosa e garanto que você terá uma experiencia de leitura muito boa com ela.

Além das aparências...

Uma boa história por si só não iria focar o tempo inteiro sobre julgar as pessoas pelas aparências e não decepcionando os leitores o autor passou a abordar outros temas na trama. Veja bem, a saga é infanto juvenil, portanto é muito importante ele abordar esses temas relevantes como homossexualidade, feminismo, femismo (sim!), além de relacionamentos entre amigos, família e no ambiente escolar. Pois é, pode parecer que tudo é uma grande confusão ali mas há uma abordagem leve e de fácil entendimento para que uma leitora jovem leia, entenda e claro, se apaixone pela história.

Infelizmente eu ainda não li o quarto livro da saga, mas estou me programando para isso o mais breve possível. Enquanto isso me resta esperar até o filme sair, o que pode demorar um bom tempo ainda.


Tag dos 50%

17/07/2020



Esse ano eu tive tantas leituras maravilhosas que eu senti a necessidade de fazer a tag dos 50%, pois sei que no final do ano vou acabar sentindo uma dificuldade muito grande em selecionar somente alguns títulos como os melhores do ano.

Essa tag é muito antiga nos blogs e agora ela tem sido até migrada para o Instagram. Eu vou usar a referencia da Ana do Roendo Livros sobre a tag ser criada Chami do canal Read Like Wild Fire e traduzida pelo Victor Almeida do Geek Freak. Quem ainda não fez da tempo de fazer sim, e borá lá ver os meus favoritos:

O melhor livro que você leu até agora, em 2020

Não me Abandone Jamais foi uma das minhas melhores leituras do ano. Amei a história e a delicadeza que o autor abordou um tema que pode ser considerado até pesado.

A melhor continuação que você leu até agora, em 2020

Eu AMEI muito Os Testamentos, que é a sequencia de O Conto da Aia. Tinha ficado com receio de a autora fazer essa sequencia após duas décadas do original, mas foi uma leitura maravilhosa tanto do aspecto literario quanto pessoal.

Algum lançamento do primeiro semestre que você ainda não leu, mas quer muito

Não tem nenhum livro que eu queira MUITO ler que tenha sido lançado esse ano. Acho que o que mais me chamou a atenção foi As Outras Pessoas da C J Tudor, mas só porque eu gosto dessa autora.

O livro mais aguardado do segundo semestre

O único que eu tenho conhecimento até o momento é Sol da Meia-Noite, mas se a Seguinte anunciar a sequencia da trilogia O Ceifador com certeza esse será o meu mais aguardado.

O livro que mais te decepcionou esse ano

Me dói muito dizer, mas me decepcionei bastante com CUJO, do Stephen King. Amo o autor mas essa leitura não me caiu bem e até agora sinto o peso da ressaca literária que esse livro me deu.

O livro que mais te surpreendeu esse ano

Amor(es) Verdadeiro(s) foi uma linda surpresa, pois após todos elogiando tanto a autora eu estava com receio de acabar me decepcionando e ainda bem que não foi isso que aconteceu. Quero ler outros livros dela em breve.

Novo autor favorito (que lançou seu primeiro livro nesse semestre, ou que você conheceu recentemente)

Eu conheci Kazuo Ishiguro somente este ano e já tenho certeza que vou amar os outros livros dele.

A sua quedinha por personagem fictício mais recente

Esse ano eu ainda não me apaixonei por nenhum personagem fictício, infelizmente.

Seu personagem favorito mais recente

Me apaixonei muito por Celie de A Cor Purpura. Mulher preta que sofreu tanto, mas ainda assim não desistiu de seu maior sonho: reencontrar a irmã.

Um livro que te fez chorar nesse primeiro semestre

Não que eu tenha chorado de verdade, mas fiquei extremamente triste com as histórias relatadas em Do Que Estamos Falando Quando Falamos de Estupro.

Um livro que te deixou feliz nesse primeiro semestre

Por ser um dos livros mais leves que li esse ano Os 12 Signos de Valentina me deixou muito contente, uma história bem gostosinha de ler e fofa.

Melhor adaptação cinematográfica de um livro que você assistiu até agora, em 2020


Esse ano eu só assisti a adaptação de Pequenos Incêndios por Toda Parte, mas não é filme e sim uma série e também não cheguei a ler livro. kk

Sua resenha favorita desse primeiro semestre (escrita ou em vídeo)

Uma das minhas queridinhas é a resenha de Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas.

O livro mais bonito que você comprou ou ganhou esse ano, até agora

Esse ano eu comprei O Mundo Invisível Entre Nós pois gosto da autora, mas ainda não peguei o livro para ler.

Quais livros você precisa ou quer muito ler até o final do ano?

Eu quero muito ler CAIM do José Saramago e a biografia que comprei dele; Também preciso ler os livros da trilogia Três Coroas Negras e da Angie Thomas.

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Faça uma Maratona: Little Fires Everywhere

15/07/2020


Recentemente eu assisti a série baseada no livro Pequenos Incêndios por Toda Parte, da Celeste Ng e posso dizer que AMEI muito. Hoje vou dar para você 4 motivos para maratonar essa série incrível.

Anos 90

A série se passa no final dos anos 90 e eu como essa a melhor época claro que adorei; Mas mais importante do que isso a série nos da uma ideia da vida escolar dos jovens nos anos 90 (padrão americano, claro) e em todas as mudanças que estavam acontecendo já naquela época. O pensamento critico, a hipocrisia, a ideia da popularidade sendo desmistificada, mas ao mesmo tempo reafirmando o bullying com as pessoas que são diferentes.

Racismo

A forma como o racismo era abordado nos anos 90 é um pouco diferente de como o vemos hoje em dia, mas isso não muda o fato do racismo vedado que existia e ainda existe nos dias atuais. Elena é uma mulher branca de classe média alta e dedicou sua vida a seus filhos, há nessa quase que uma síndrome de salvadora da pátria e ela acaba "ajudando" uma mulher negra e sua filha adolescente a se estabilizarem naquela comunidade. Eu, particularmente, em vários momentos senti como se Elena não fosse uma racista e sim que ela realmente é uma pessoa boa, e talvez essa impressão esteja correta nos primeiros dois episódios (ou seja somente a minha visão de pessoa branca), mas com o decorrer de trama fica óbvio que ela tem sérios problemas com pessoas negras por mais que queira mascarar isso. Sabe aquela história do "eu não sou racista, mas..."? É bem assim que Elena age e isso reflete até mesmo na criação de seus filhos, que por mais que tentem ser melhores que seus pais eles ainda fazem parte daquela sociedade rica e branca.


Drama Familiar

Apesar de não ter muita paciência para ler dramas familiares eu adoro uma boa série com eles e Little Fires Everywhere tem um ótimo drama principalmente envolvendo "mãe". De um lado temos uma afamilia rica e grande e do outro família nômade com somente duas pessoas. Pearl sempre sonho em ter um lugar para se estabelecer com sua mãe e nunca entendeu muito bem o motivo de elas precisarem tanto se mudar de tempos em tempos, da mesma forma que os filhos de Elena buscam sempre pela aprovação da mãe e ser a imagem da perfeição (com exceção de Izzy). Eu amo a maneira como essas meninas passam a se dar melhor com a mãe da outra do que a própria, pois cada um tem sua própria personalidade e desejo, e a vivencia familiar e social que as moldam e ao mesmo tempo as cegam para apreciar o que tem e também ter a liberdade de questionar o que não tem. 

Atuações e diálogos

Uma das melhores coisas da série são as atuações. Particularmente não achei que ninguém ali deixou a desejar, até mesmo os antagonistas e os personagens que tiveram pouco tempo de tela. Obviamente as melhores são Kerry Washington e Reese Witherspoon e eu amava vê-las atuando juntas, principalmente quando havia algum atrito entre elas e várias questões importantes eram envolvidas nos diálogos. Inclusive diálogos são uma das coisas mais importantes da trama toda, afinal são neles que percebemos todos os erros, acertos, preconceitos e ignorância dos personagens, assim como entendemos suas motivações.

Little Fires Everywhere está disponivel no Brasil pela Amazon Prime Video e se você ainda não é assinante aproveite que tem 30 dias gráticas (clique aqui).

Em Little Fires Everywhere, um encontro entre duas famílias completamente diferentes vai afetar a vida de todos. A dona de casa perfeita Elena Richardson (Reese Witherspoon) aluga a casa de hóspedes à Mia Warren (Kerry Washington), uma artista solteira e enigmática que se muda para Shaker Heights com sua filha adolescente. Em pouco tempo, as duas se tornam mais do que meras inquilinas: todos os quatro filhos da família Richardson se encantam com as novas moradoras de Shaker. Porém, Mia carrega um passado misterioso e um desprezo pelo status quo que ameaça desestruturar uma comunidade tão cuidadosamente ordenada

Resenha: Um Mar de Segredos

13/07/2020



Ao contrário de 2019, meu ano de 2020 não foi cheio de livros de suspense, então quando acabei vendo esse livro me interessei pelo que ele poderia me proporcionar de acordo com esse tema que eu estava com tanta saudade de ler. Infelizmente a leitura não funcionou para mim como deveria, já que ao meu ver a trama não conseguiu se sustentar o teve um final previsível.

Erin é uma documentarista que esta trabalhando em seu primeiro projeto grande, sua carreira está ótima e seu relacionamento amoroso melhor ainda. Ela está prestes a se casar com Mark e terá a lua de mel dos sonhos, entretanto alguns problemas financeiros começou a prejudicar um pouco do relacionamento deles. Tudo parece que poderia melhorar quando eles encontram uma mala no meio do oceano durante a viagem dos sonhos. Nessa mala encontraram cerca de um milhão de dólares em dinheiro e em diamantes, além de um pendrive suspeito, um iPhone e uma arma. A viagem dos sonhos acabou naquele momento, pois a partir dai o casal apaixonado só pensava no que fazer em relação a isso.

Pessoalmente acho que a trama tinha tudo para dar certo a partir desse ponto, pois a autora soube criar uma história sobre como a mala foi parar no meio do oceano e como os donos desse conteúdo foram atrás do que tinha ali, mas ela se perdeu ao criar a trama de Erin com seu marido e com seu trabalho. Por algum motivo o trabalho dela era importante para o desenvolvimento da história, mas no final não nos levou a lugar nenhum com exceção de um personagem que ali foi inserido. Como leitora lendo isso me senti enganada, mas não do jeito certo que os livros de suspense devem nos enganar.

O pior de tudo foi o relacionamento do casal, que entraram nisso juntos mas ao vê-los intimamente percebemos que a perfeição era somente uma fachada. Mark era abusivo, mas não daquele tipo descarado, sabe? Ele sabia usar as palavras certas, ele sabia como manipular Erin de um jeito que ela ficasse inteira nas mãos dele, da mesma forma que fazia ela se desculpar por coisas que ela não tinha culpa. Foram coisas que nem todo mundo pode acabar percebendo, ainda mais por ser um livro narrado em primeira pessoa e Erin idolatrar esse homem, mas ele é de fato um péssimo companheiro. Começando por destruir seu sonho do casamento perfeito, depois por questionar suas decisões, questionar seu trabalho, manipula-la para que ela acabasse sentindo que estava fazendo as coisas erradas, que estava levando eles diretamente para as mãos da policia e coisas desse tipo. Nesse aspecto a autora não pecou se queria realmente mostrar esse tipo de relacionamento de uma forma diferente.

É uma pena que no meio de uma premissa tão promissora ela não tenha aproveitado melhor as oportunidades de fazer com que fiquemos realmente focados na história. Como eu disse o livro tem um final previsível e os próprios pensamentos de Erin nos entregaram isso durante toda a narrativa enquanto ela se questiona sobre o que esta acontecendo, as pessoas ao seu redor, e suas possíveis paranoias. Talvez o livro funcione melhor para outras pessoas, mas no meu caso infelizmente não deu muito certo.

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Título: Um Mar de Segredos (Something in the Water) • Autora: Catherine Steadman
Editora: Record • Tradução: Clóvis Marques

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes

É claro que o anuncio de um novo livro da saga Jogos Vorazes não iria passar batido pelos fãs... exceto que passou. Não como se os fãs da saga não estivessem ansiosos por essa nova experiencia de uma distopia juvenil que fez tanto sucesso, mas convenhamos que ninguém está vendo por ai um "boom" de gente comentando sobre esse livro (provavelmente não tanto quanto a editora gostaria, né?). E o motivo para mim ficou até meio óbvio após minha leitura do livro que se mostrou fraco e desnecessário, mesmo com novas informações.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes se passa 10 anos após a primeira edição dos Jogos Vorazes, onde um jovem Snow (aquele que conhecemos como Presidente Snow) está ainda na escola e acabará fazendo parte dos jogos como mentor de uma tributo do Distrito 12, Lucy Gray. No meio de tudo isso Snow acaba se apaixonado por Lucy Gray, que faz parte de um grupo chamado "Bando" que em um comparativo com o que nós conhecemos é quase uma companhia de teatro. A história poderia ser maravilhosa caso não soubéssemos quem Snow irá se tornar, mas é interessante pensar nesse personagem com uma nova perspectiva, principalmente após vê-lo vulnerável, faminto, apaixonado, e na beira da ruína com a pobreza de sua família que ainda tenta manter algum status.

O livro não me deixou feliz e nem surpresa como a trilogia original me deixou há alguns anos quando meu primo falou tanto, tanto, tanto sobre ele que eu acabei cedendo para ler; muito pelo contrário: eu me senti muito decepcionada. É um livro longo que poderia facilmente ser bem mais curto, pois existem tantos momentos que eu senti que houve aquela enrolação que eu sentia sono em vários momentos de leitura. Talvez os capítulos longos tenham influenciado um pouco, mas a forma como a história nos foi apresentada realmente não me satisfez como leitora, sabe? E eu nem vou falar que estava com expectativa altas para a leitura porque seria uma mentira. Eu evitei ler resenhas, assistir a vídeos e comentários sobre a obra para começar a ler isenta de opinião de terceiros e no fim acabei sentido o que algumas pessoas também sentiram: O livro não é necessário para os fãs. Ele tem algumas informações interessantes como a ideia dos mentores nos jogos e da fascinação de Snow por rosas, e até mesmo pode explicar o motivo de ele ter tanto ódio do Distrito 12 e a proibição da música The Hanging Tree, mas essas são informações não necessárias, né? A trilogia estava perfeita sem essas informações.

Infelizmente o novo livro não agrada tanto quanto deveria e, para mim, é mais como um livro para fazer dinheiro encima de algo que já foi muito lucrativo. A fonte não é eterna, então...

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Título: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (The Ballad Of Songbirds And Snakes)
Autora: Suzanne Collins • Editora: Rocco • Tradução: Regiane Winarski