Eu estou muito empenhada na minha releitura da série Estilhaça-Me, tanto para ler os livros que me faltaram ler quanto para matar a saudade desses personagens que eu adorei conhecer. O meu problema nessa releitura seria Liberta-Me, pois foi o livro que eu menos gostei (até o momento) e eu já imaginava que essa releitura seria quase como um sacrifício para mim e agora fico contente de dizer que, na verdade, ela foi bastante prazerosa. Tentarei dar o mínimo de spoilers sobre o desenvolvimento da história, mas não conseguirei ocultar locais e novos personagens que fazem parte dessa trama.
Juliette agora está no Ponto Ômega, um lugar que sempre me lembrou aquelas cavernas que Peg ficou em A Hospedeira. O ápice desse livro é mostrar aos leitores que há muitos outros personagens com um dom e eles são de diversas formas. Exemplificando bem eles são basicamente X-Men no fim do mundo. Então temos personagens com telecinesia, aquele que fica invisível, o que controla energia, quem trabalha com curas e muito, muito mais. Aqui ela tem a oportunidade de entender melhor o seu poder e pode aperfeiçoa-lo com treinamentos, entretanto Juliette tem uma carga de sentimentos tão grande que sua auto sabotagem estraga as coisas para ela. É difícil ser leitora com 29 anos tentando que lidar com os dramas de uma personagem com 17 anos que fica o tempo inteiro (e eu não estou exagerando) se chamando de monstro e coisas piores. Eu entendo de onde vem esses pensamentos, mas conseguir aguentar durante a leitura é muito difícil. São páginas e páginas durante todo o livro com esses pensamentos assombrando-a. Mas ao mesmo tempo são esses pensamentos que se tornam amadurecimento, pois com eles ela passou a se entender, compreender quem ela é no mundo e sua condição. Além de sua percepção em relação ao bem e mal, que aos poucos está ficando aguçada.
Particularmente eu acredito que este livro seria um bom momento para a autora abordar a questão da natureza, as mudanças e como essas mudanças ocorreram mesmo que fossem através de relatos de terceiros, entretanto ao focar nos especiais, o treinamento de Juliette e seu amadurecimento o restante ficou bastante ofuscado. Até mesmo O Restabelecimento foi pouco citado até uns 75% do livro, o que é muito coisa já que esse volume tem cerca de 450 páginas.
O maior foco ficou, claro, no romance e o triângulo amoroso. Foi nesse livro que eu comecei a gostar menos e menos de Adam. Algumas descobertas do motivo de ele poder tocar Juliette fizeram com que eles se afastassem e foi um dos motivos da crise existencial dela. Mas se analisarmos Adam e seus sentimentos por Juliette é fácil entender o porque eu disse que ele é egoísta. Ao meu ver o que há entre eles não é amor, mas uma necessidade de afeto já que eles se conhecem há anos e vêem um no outro um tipo de reconhecimento pelas coisas difíceis que passaram. Adam vê em Juliette a única coisa boa de sua vida durante o período em que sua mãe faleceu e seu pai só aparecia para agredi-lo e beber. Acima de tudo ele enxerga nela a bondade que o mundo nunca lhe mostrou e, eu acredito, seja por isso que ele se apegou tanto a ela com a crença de que é amor. O mesmo vale para Juliette que luta internamente para entender esse relacionamento, sua importância e depois a sua veracidade.
Os sussurros de Warner passeiam pela minha mente, dizendo-me que eu poderia ser mais, poderia ser mais forte, poderia ser tudo; eu poderia ser muito mais do que uma menina assustada.
Ele diz que posso ser poderosa.
Nesse livro o relacionamento com Warner avança algumas etapas e é possível esquecer algumas coisas do que ele fez no livro anterior. Pela primeira vez Tahereh mostrou toda a vulnerabilidade dele, revelando seu primeiro nome e as piores coisas de sua vida. Mais do que isso essas revelações acontecem enquanto Juliette vê tudo, então nesse momento ela passa a entende-lo como um ser humano que passou por coisas na vida desde a infância e a única coisa que conhece é o ódio, a vingança e a morte. Claro que meu ódio passageiro por ele passou aqui, mas apesar de eu adorar esse casal ainda não consigo torcer por eles como antes. Não dá para justificar suas atitudes, passar panos para elas, porque ele teve uma infância difícil com um pai m*rda, sabe? Mas lá no fundo eu sofri vendo o que ele passou e vendo-o baixar toda a sua guarda para Juliette nesse livro todinho.
No geral acho Liberta-Me um livro parado e que poderia ter mais informações sobre os especiais, o mundo e até mesmo a politica atual, mas é bastante difícil com poucos personagens que realmente saibam o que está acontecendo. A primeira metade do livro é um sacrifício para ler, entretanto a dinâmica muda muito depois e a vontade é de não largar a livro por nada.
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Título: Liberta-Me (Unravel Me) - Shatter Me #2 • Autora: Tahereh Mafi
Tradução: Bárbara Menezes • Editora: Novo Cocneito
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