Faça uma Maratona: Round 6 / Squid Game

29/09/2021

 

Se você tá sempre de olho nas novidades da Netflix e acompanhando o buzz que as séries da plataforma geram com certeza viu algo de Round 6 / Squid Game, certo? A série sul-coreana está fazendo um grande sucesso no quesito teorias e memes, além de deixar vários fãs de produções orientais orgulhosos. Hoje vou te dar alguns motivos para você maratonar essa série no próximo final de semana.

Jogos de sobrevivência?

Eu fiquei super curiosa para assistir depois de ver um vídeo no Tiktok de um dos jogos apresentados na série, mas o que eu não imaginava é que ela seria mais interessante do que apenas jogos de sobrevivência. É claro que os jogos é um dos aspectos mais interessantes do drama, já que o tempo inteiro eles nos deixam tensos sem saber quem é que irá sobreviver a cada rodada. Quando alguém perde a vontade bate aquela tristeza por perder um personagem que se tornou querido em poucos episódios.

Algumas cenas dos jogos podem conter gatilhos, então é bom se atentar a isso durante a maratona. Mas para quem está acostumada a assistir coisas pesadas muito sangue e outras coisas podem não fazer cócegas.

Dramas pessoais

A série não apresenta os personagens superficialmente e os coloca nos jogos "do nada". A ideia do jogo é, de certa forma, usar do livro arbítrio dos jogadores para que eles permaneçam ali. O motivo principal é a necessidade de dinheiro que eles tem, entretanto ao mostrar os dramas pessoais de cada um e nos fazer entender os motivos que os levam a aceitar as condições do jogo nós deixamos de julgar a insanidade  dos personagens por aceitar aquilo.


Estética e linguagem

Uma das coisas que mais amei na série foi a direção e fotografia e direção de arte. Grande parte dos cenários dos jogos são incríveis e nos passam uma sensação de surrealismo e perfeição simétrica. Algumas coisas ali seriam mais apreciadas no cinema, mas por se tratar de uma série eu particularmente acho muito mais incrível. Manter essa consistência em diversos episódios e diversas cenas não é fácil e eles conseguiram fazer com maestria.

O filme ainda nos apresenta diversas influencias de torture porn, como Jogos Mortais e quem falar que não sentiu uma vibe Jogos Vorazes e Battle Royale estará mentindo. Após o sucesso a série está sendo acusada de plagiar o filme As the Gods Will de 2014, mas como eu não assisti não irei comentar as semelhanças e a Netflix que se vire, né kk O importante é que o entretenimento foi entregue com sucesso.

Minhas considerações

Particularmente acho que há alguns furos de roteiro e coisas que não fizeram sentido, principalmente com o diretor já dizendo que não pretende trabalhar em uma segunda temporada (mas sem descartar a possibilidade totalmente). A série não é perfeita em atuações e diálogos, mas entrega o que se propõe a entregar. Vale a pena assistir, seja maratonando ou não.

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Resenha: As Musas

27/09/2021

O rapto de Perséfone

"A Paciente Silenciosa" é um dos meus livros favoritos de 2019, então é claro que ao ver a Record lançando o novo livro do autor Alex Michaelides eu fiquei curiosa para ler. Ele tem uma escrita que prende e nos deixa mais e mais curiosas para saber o desfecho da trama, além de conseguir dar um bom plot twist para os livros. Falando assim parece que "As Musas" entrou para meus favoritos de 2021, mas apesar de o livro ser bom ele ainda me deixou com gosto de quero mais.

Mariana é psicoterapeuta que está lidando com o luto da morte de seu marido durante uma viagem de férias à Grécia. Já no início percebemos que ela mesma precisa de terapia para lidar com a situação, pois tem passado seus dias reclusa e até mesmo para tratar seus pacientes ela faz de dentro de casa. Eu provavelmente já comentei aqui que passo raiva com personagens que estão vivendo algum luto e descontam tudo na bebida, mas agradeço ao autor por não fazer isso com Mariana. Ela é muito sóbria e consciente do que precisa, mas só não tenta mudar muito sua situação mental por acreditar que conseguirá superar sozinha no tempo certo.

Após sua sobrinha Zoe contar que uma de suas amigas foi assassinada, Mariana decide ir até Cambridge para passar um tempo com sua sobrinha. A relação entre elas é praticamente de mãe e filha, já que Zoe ficou orfã na infância e Mariana nunca teve filhos. Além de a própria Zoe também sofrer bastante com a perda do tio. Ali o autor coloca as suspeitas do assassinato no professor Edward Fosca, um norte-americano muito adorado pelo corpo docente da universidade e pelas suas alunas especiais, As Musas. Para mim a situação já ficou estranha ai, afinal qualquer ideia de um professor universitário tendo alunas especiais já é bem estranha e Fosca não se ajuda durante toda a trama. Ao se aproximar de Mariana ele a beija sem consentimento, age de forma estranha e até ameaçadora.

Depois que morremos, pensou Mariana, tudo o que resta de nós é mistério; e nossos pertences, obviamente, vão ser revirados por terceiros.

Se engana quem pensa que Fosca é o único suspeito, afinal um bom suspense tem que ter personagens estranhos e histórias mal contadas. Então eu fiquei praticamente todas as páginas tentando decifrar algumas pessoas, alguns acontecimentos e frases que me faziam pensar que a história já estava resolvida. O final não foi cem por cento previsível, mas as dicas que o autor foi dando ao longo da história deixou uma coisa bem óbvia: quem esta matando as estudantes. Eu gosto de me surpreender, então fiquei um pouco decepcionada, mas o pior foi a motivação. Acho que não posso dar muitos detalhes, mas acredito que no geral vai deixar algumas pessoas com raiva por motivos diferentes.

De um modo geral eu gostei do livro com as referencias a tragédia Grega e até mesmo ao primeiro livro do autor quando um personagem aparece. Mariana é uma personagem interessante e não achei ela clichê quando se trata de protagonistas de suspense. Suas decisões foram sensatas na maior parte do tempo e gosto da ideia de desmistificar a ideia de psicólogas conseguem ler e entender todo mundo o tempo inteiro.

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Título: As Musas (The Maidens) • Autor: Alex Michaelides • Editora: Record • Tradução: Marta Chiarelli
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3 livros de suspense, por @livrosemundos

24/09/2021

Hoje que vai indicar livros aqui no blog é o Arthur do Instagram @livrosemundos. Como ele está sempre falando de livros de suspense eu pedi para ele indicar alguns para vocês! Espero que gostem.

Não confie em ninguém

Um dos autores de suspense da atualidade que mais me chamou a atenção e que se tornou um queridinho na minha estante é Charlie Donlea. Uma de suas obras que até hoje eu não superei o desfecho foi "Não confie em ninguém". A Editora Faro é responsável por trazer aos leitores brasileiros seus livros viciantes e de nos deixar acordados na madrugada.

Nessa história Grace foi acusada de matar o namorado o empurrando de um penhasco. Dez anos depois, a cineasta Sidney Ryan, bastante conhecida por fazer documentários de casos que foram polêmicos e que incriminaram pessoas inocentes, resolve contar a versão de Grace e provar que ela não foi a responsável por essa tragédia. Regados às investigações, depoimentos duvidosos e descobertas assustadoras o leitor vai sendo levado até a beira do precipício e empurrado pra um dos finais que mais me chocou entre as obras do autor! Confiar demais nas pessoas é um preço bastante caro a se pagar.

Sem saída

Nesse clima de chuva, de um inverno frio e rigoroso, nada melhor do que pegar um bom livro de suspense e correr para debaixo das cobertas. Ainda mais quando o livro está se passando nesse mesmo clima: gelado e intenso! A obra "Sem saída", também publicada no Brasil pela Editora Faro, tem elementos que irão fazer o leitor gelar a espinha e correr na leitura das páginas, acompanhando um desfecho eletrizante!

A personagem Darby Thorne fica sem bateria no celular em meio a uma nevasca enquanto dirige para outra cidade pra visitar sua mãe que foi internada às pressas e corre risco de vida. Ela se abriga em um estacionamento no meio do nada e lá se depara com outros estranhos que estão esperando a neve diminuir. O que a protagonista não sabe é que um deles é um psicopata e que as próximas horas, precisará lutar para se manter viva. Com uma narrativa crescente, momentos de tensão, correria, claustrofobia, muito sangue, cenas chocantes e um final de roer as unhas, somado ao clima frio e assustador, a obra irá agradar bastante os leitores, e principalmente aos amantes de um suspense com reviravoltas surpreendentes!

Uma mulher no escuro

O Brasil também tem muitos autores do gênero suspense e um que se estaca, inclusive é bastante conhecido lá fora, é Raphael Montes. Escritor de mão cheia, além de trazer tramas alucinantes e impactantes, está envolvido também em grandes projetos na tv e no cinema, como a série de sucesso da Netflix "Bom dia, Veronica". A trama "Uma mulher no escuro", lançado pela Companhia das Letras, conta a história de Victória, uma jovem que sobreviveu ao massacre de sua família quando tinha quatro anos de idade, presenciando o assassinato de seus pais e do seu irmão por um homem armado com uma faca. Vinte anos depois, ela tem que enfrentar os traumas e problemas sociais e psíquicos, além de tentar manter uma relação saudável e de confiança com três estranhos que aparecem em sua vida. 

Se você acha que certas pessoas escodem algo perturbador, pode apostar que Raphael vai te mostrar que ainda é muito mais horrendo o que uma pessoa é capaz de fazer. É uma leitura inquietante, tensa e leva o leitor a um final agonizante, regado a muito sangue (uma coisa que eu observei o gosto do autor em fazer jorrar), e sem dúvida, quem é fã do gênero ou quer começar com uma história potente, leia esta obra!

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E ai, gostaram?

Eu quero muito ler "Não confie em ninguém" do Donlea de tanto que ele fala desse autor.



 

Tarsila do Amaral é uma referencia quando o assunto é arte brasileira e não é para menos: as suas obras além de retratarem sobre o nosso país acabou ganhando notoriedade internacionalmente.

Este livro contém algumas de suas obras e um pouco sobre a vida d artista, de forma bem resumida mesmo. Eu não sabia que ela tinha sido casada com Oswald de Andrade e mesmo tendo sido um casamento curto foi bem significativo para a arte e cultura brasileira, já que os dois são nomes importantes para o Brasil. Independente desse relacionamento, claro que ela produziu muita coisa e suas obras ainda são usadas em teoria e história da arte em qualquer escola ou curso sobre o assunto.

Operários, 1933

Ela tem uma obra bem engraçadinha que se chama A Cuca e no livro há uma transcrição de uma carta que ela mandou para a filha falando sobre essa obra e achei até meio fofo, pois da a impressão da obra ser mais infantil mesmo se pensarmos na história da Cuca que conhecemos.

Estou fazendo quadros bem brasileiros que têm sido muito apreciados. Agora fiz um que se intitula A Cuca. É um bicho esquisito, no mato, com um sapo, um tatu e outro bicho inventado.

Quem gosta de arte ou tem curiosidade para conhecer um pouco mais esse livro é perfeito pois tem tudo bem resumidinho sobre ela. Sei que há uma edição também de Romero Britto e torço para que a editora lance de outros artistas em algum momento.

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Título: • Autora: Editora: • Tradução:
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Releitura: Unifica-Me, de Tahereh Mafi

20/09/2021

 

Particularmente não gosto quando as autoras lançam contos entre um livro e outro, mas se é de uma história que eu gosto muito eu acabo lendo para poder entender algumas coisas das histórias. Neste caso, antes de Warner se tornar um narrador em Restaura-Me, Tahereh lançou Destrua-Me para nos contar o seu ponto de vista após os acontecimentos do primeiro livro e em Fragmenta-Me nos mostra como foi para Adam sair na batalha até o ponto em que o grupo sobrevivente recebe a noticia da morte de Juliette (bom, não vamos considerar isso um spoiler, pois já que Juliette é a protagonista e tem mais uns 5 livros à frente é óbvio que essa noticia é falsa).

Destrua-Me (ponto de vista de Warner)

Cronologicamente falando este conto é o 1.5 da saga, portanto antes de Juliette conhecer Warner de verdade, daquela forma como vamos acompanhando em Liberta-Me, as leitoras já puderam ter um vislumbre de quem ele realmente é.

Não da para negar que ele ainda está bastante perturbado nesse ponto da história, mas acaba sendo compreensível ao sabermos que ele depositava certas esperanças em Juliette e já estava apaixonado por ela. Não é a toa que ele a beijou, mas sua falta de noção ao tentar interpreta-la fez com que ele não percebesse que ela não correspondeu não apenas por não sentir nada por ele, mas porque ela sente nojo, raiva, da pessoa que ele demonstra ser.

Nesse conto há diversos pontos em que temos alguns vislumbres do diário de Juliette. Em Estilhaça-Me tivemos pouco contato com ele, mas o suficiente para compreender o que ela passou antes de sua história começar no livro. Warner achava que conhecia Juliette por todas as vezes que a vigiou no sanatório, por tudo o que ele leu em relatórios e principalmente pela fanfic que ele criou na cabeça dele de quem ela deveria ser, o que ela deveria sentir. O diário acabou sendo um choque, pois ele percebeu que tudo que pensou dela era um erro e isso faz com que ele se apaixone mais e mais.

Eu gosto muito da construção de personagem de Warner, mesmo sendo bem clichê em alguns aspectos. Ele continua sendo meu queridinho (eu sei que critiquei muito ele anteriormente e todas as criticas são verdadeiras, mas eu gosto demais dele kkk) e apesar de na trilogia original algumas coisas sobre ele tenham ficado em segundo plano eu estou torcendo para que melhore nos novos livros.

Fragmenta-Me (ponto de vista de Adam)

O sentimento de ranço por Adam foi crescendo à partir de Liberta-Me, todavia eu falei por aqui que até compreendo algumas coisas por ele ser assim. Como diz a grande Pepita "se coloca no lugar dela cinco segundo você vai entender a verdadeira história da vida dela" e é exatamente assim que precisa ser com Adam. Enquanto Warner vai se desconstruindo na visão das leitoras, Adam passa a se tornar o tóxico e abusivo. Não vou justificar as atitudes dele, que são horríveis, mas aqui ao vermos o ponto de vista dele percebemos a real necessidade dele por Juliette.

Neste conto vemos Adam como irmão. Conhecemos de verdade como é o relacionamento dele com James e esse amor paternal que sente pelo menino que ele criou como próprio filho — mesmo o próprio Adam sendo uma criança. A Juliette representa uma esperança de vida melhor, de felicidade, de paz. Infelizmente essa é uma fanfic que ele criou na cabeça dele, pois Juliette acaba não querendo ser isso em nenhum momento.

Para mim chega a ser bonito ao ver o desespero dele por salvar seu irmão na pior situação possível. Ele não teve a atitude ideal, foi até egoísta, mas dessa forma a autora mostrou que para ele a pessoa mais importante sempre será James, sua família e sangue de seu sangue. Mesmo que ele e Juliette estivessem destinados a ficarem juntos na história os sentimentos dele por ela nunca poderiam chegar perto deste — e de fato não chegam.

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Esses contos não acrescentam muito para a história em si, mas nos dá novas perspectivas para entender esses dois personagens tão importantes na saga. Eu torço muito para que Adam tenha um final feliz nos novos livros, pois infelizmente na trilogia original ele foi esquecido no churrasco kkkk

Título: Unifica-Me (Unite Me) Shatter Me 1.5 e 2.5 • Autora: Tahereh Mafi
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Paleta de cores de adaptações literárias

17/09/2021

Para uma história ser contada em um filme diversos elementos são utilizados pelos diretores, produtores, diretor de fotografia e um desses elementos é justamente aquele que o espectador mais irá ver durante a exibição: paleta de cores

A página do Instagram @colorpalette.cinema reúne diversas paleta de cores de filmes, dentre eles algumas adaptações literárias. Hoje trago aqui as minhas favoritas.

A Chegada

Garota Exemplar

Ilha do Medo

Nomadland

Eu estou pensando em acabar com tudo

O Senhor dos Anéis

Rodei a página e minha vontade é postar váaarias. Agora analisando minhas escolhas percebi que adoro tons frios e mais terrosos hahaha acho que combina com minhas fotos do Instagram.

Qual paleta de cores de filme que já te marcou?

Resenha: De Natura Florum

15/09/2021

A editora parceira Global lançou recentemente esse pequeno livro da Clarice Lispector que encanta não apenas com palavras mas com ilustrações belíssimas em todas as páginas. As crônicas que foram lançadas nos anos 70 em um jornal saem agora nessa versão linda pela editora já citada.

Eu nunca cheguei a ler nada da autora antes, então essa acabou sendo minha primeira experiência e ela não deixa nada a desejar com todas as impressões que eu havia criado em minha mente. Clarice tem uma forma delicada de escrever e mesmo com textos tão pequenos acabaram me tocando rapidamente.

Fiquei curiosa para conhecer outras obras da autora e, por acaso, recentemente uma amiga havia me indicado algumas coisas então vou aproveitar para ler em breve.

Tulipa

Só é tulipa quando em largo
campo coberto delas, como na
Holanda. Uma única tulipa
simplesmente não é.

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Título: De Natura Florum • Autora: Clarice Lispector • Editora: Global
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Resenha: Ela Disse

13/09/2021

Livro sobre reportagem do #MeToo

Terminei a leitura deste livro por volta de 1:00h do dia 4/01/2019 — justamente dois antes de darem inicio ao julgamento de Harvey Weinstein, produtor de hollywood que foi acusado por cerca de 80 mulheres de abuso e assédio sexual. Havia um sentimento de ódio em mim, um sentimento de incapacidade e de coragem ao mesmo tempo. Muitas vezes vemos mulheres acusando homens de assédio e/ou abuso e nos sentimos orgulhosas da coragem delas, entretanto nunca sabemos como foi para ela o caminho até a denuncia. Com Ela Disse essa perspectiva muda ao sabermos que essa mulher precisou de muito mais coragem para fazer aquela denuncia.

O livro é um relato das jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey sobre como foi o processo até a matéria do NYT, em outubro de 2017, com a denuncia dos assédios de Harvey Weinstein. Para quem ama jornalismo o livro é um prato cheio, com vários detalhes da investigação assim como algumas "regras" de jornalismo que eu, particularmente, não conhecia. Ele não é um livro pesado, por mais que as histórias ali sejam pesadas. Mesmo nas partes que há relatos das vitimas da forma como foram contadas as jornalistas ainda há uma certa leveza para não nos fazer passar mal com tanta barbaridade. É claro que essas histórias podem ser um gatilho para algumas leitoras e não estou falando em forma de meme e sim de verdade, pois com certeza se alguém que estiver lendo já tiver passado por aquilo ou algo semelhante irá ter reações negativas.
"Faz tempo que nós mulheres falamos sobre Harvey entre nós mesmas, e já é mais do
que hora de ter essa conversa publicamente”. Naquela noite, tinham uma nova versão do artigo, com o nome de Ashley Judd.

É incrível a determinação delas em fazer essa matéria acontecer. Ao longo das entrevistas e busca por novas testemunhas elas se depararam com muitas dificuldades, principalmente pelo fato de ter que fazer com a máxima descrição para que ele não descobrisse a respeito da matéria e acabasse botando tudo a perder com o seu poder de influencia e dinheiro; e o pior de tudo eram os vários acordos de confidencialidade feitos ao longo das décadas com várias mulheres que, em alguns casos, foram incentivadas por seus advogados a simplesmente aceitar o acordo e a indenização e seguir com a vida. Por muitos anos simplesmente a menção do nome Harvey Weinstein desmotivava as mulheres com suas denuncias e poucas que tiveram coragem foram retaliadas por isso ao longo de vários anos (só ler um pouco da história de Rose McGowan).

O livro ainda cita uma investigação a respeito de Trump, que ocorreu antes, e de um juiz da Suprema Corte americana, que ocorreu após as denuncias do NYT e o movimento #MeToo. Essas outras duas investigações, apesar de não ter relação direta com a principal contada no livro, é um paralelo que podemos usar como comparativo entre repercussão e como é importante as pessoas denunciarem o abuso o quanto antes. Outra questão importante que o livro acaba trazendo em sua conclusão é a respeito do #MeToo em si e como ele pode afetar as mulheres que não estão na vida "glamurosa" de Hollywood, onde seus abusadores são protegidos pelo anonimato e a necessidade da mulher em simplesmente ter um emprego.
Mas era o que todo mundo na sala, e mais pessoas fora dela, agora compreendiam: se a história não fosse contada, nada mudaria. Problemas que não são vistos não podem ser enfrentados. No nosso mundo jornalístico, a matéria era o fim, o resultado, o produto final.

Eu não poderia iniciar meu ano lendo um livro melhor e que me mostrasse tantas coisas que ignoro no meu dia a dia, mas que podem acontecer comigo a qualquer momento. Infelizmente nenhuma mulher está salva de assediadores e abusadores e é importante saber que temos sim o poder de denunciar esses predadores, pois quando isso é feito estamos também ajudando outras mulheres a não passarem por isso. Este livro é uma leitura necessária e atual.

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Título: Ela Disse — Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo (She Said)
Autoras: Jodi Kantor e Megan Twohey • Editora: Companhia das Letras
Tradução: Denise Bottmann, Isa Mara Lando, Julia Romeu e Débora Landsberg

Esta resenha foi postada originalmente no blog Roendo Livros

Hoje eu vou ter aqui a participar do meu amigo blogueirinho querido ♥, o Alisson do blog Eita Já Li. Como ele ama livros com representatividade LGBTQIA+ eu pedi para ele dar algumas indicações por aqui e ele vai falar sobre livros com essa temática mas o fato do personagem ser LGBT não seja o foco da trama.

Confira o post e as indicações dele. Espero que gostem.

🏳‍🌈

Eu adoro um bom livro com representatividade LGBT, sou leitor do gênero há anos e a algum tempo eu vi uma discussão sobre "livros LGBT", em que se discutia que LGBT não é gênero literário. Ser LGBT nada mais é do que uma das várias possíveis característica de um personagem e que tais personagens podem estar em vários gêneros literários independente do livro explorar mais a fundo ou não essa característica dele. Tendo em vista essa discussão, hoje trago indicações de livros com representatividade, mas, que não tem exclusivamente como base para a história explorar tal característica do personagem.

Comportamento Altamente Ilógico

Eu adorei esse livro, ele tem como tema a agorafobia, até o momento da leitura eu não fazia a menor ideia da existência dessa fobia e do quão difícil é viver com ela. A história trás o desenvolvimento da amizade entre Solomon, Lisa e Clark o namorado de Lisa, que surgiu a partir do interesse da garota de usar Sol como cobaia para sua carta de inscrição na faculdade de psicologia, mas, quanto mais eles se aproximam, mais difícil fica de manter os segredos e as dúvidas. Esse foi o primeiro livro com representatividade que li em que ser gay era apenas uma característica do personagem

Trilogia Carry On

Eu amo fantasias sobre bruxas, feiticeiros e seres mágicos, então, foi impossível não se apaixonar pelos livros da trilogia Carry On. O primeiro livro gira em torno de Simon Snow, que recebe uma mensagem e precisa conta-la ao seu arqui-inimigo — por quem nutre uma enorme obsessão —, Baz. Logo Baz, Simon junto a sua amiga Penelope se veem envolvidos numa grande trama de segredos, na busca da verdade que essa mensagem pode revelar. No segundo livro o mundo mágico é ainda mais explorado e traz uma trama totalmente diferente, mas, tão boa quanto a do primeiro livro. Sobre o terceiro livro ainda não li rsrs, mas, to muito ansioso.

Eu Te Darei O Sol

Aff esse sem dúvidas foi um dos livros mais lindos que eu li, chorei um pouco inclusive. Jude e Noah são irmãos gêmeos que sempre foram inseparáveis, mas, ao mesmo tempo sempre competiram entre si, seja pelo amor dos pais, pela melhor escola de artes, ou pela atenção do garoto que acabou de se mudar, mas, uma tragédia acaba por afastá-los e cada um acaba por reagir de uma forma a dor da perda. Esse livro transborda emoção e é simplesmente tocante, um dos meu favoritos!

Trilogia Príncipe Cativo

Essa foi uma trilogia que eu simplesmente A D O R E I! Temos aqui uma fantasia medieval, com tramas de cair o queixo, repleta de reviravoltas, intrigas, jogos políticos e mentais, com uma ambientação impecável. Damien é herdeiro do trono de Akielos, mas, foi traído e entregue como escravo para o país inimigo e é assim que ele vai parar nas mãos do príncipe Laurent,  herdeiro do trono Vere, trono esse que ele é impedido reclamar por seu tio o atual regente, mesmo se odiando Damien e Laurent se veem obrigados a unir forças para conseguir reconquistar seus tronos.
Alerta de gatilho: escravidão e estupro.

Mais do Que Isso

Ler esse livro foi uma mistura de "ai meus Deus" com "o que é que tá acontecendo?". Seth morreu afogado, mas então, ele acorda nu, com sede, mas vivo, num mundo completamente diferente do que ele conhecia, onde ele está? O que aconteceu? Ele recebeu uma nova chance? Essa ficção científica é simplesmente arrebatadora, eu me vi em uma montanha russa de sentimentos durante a leitura, me conectei demais com o protagonista. Esse livro fecha a lista, porque dentre todos os indicados é o que a sexualidade do protagonista causa menos impacto na história, ainda que tenha ficado explícito que ele é gay.

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Gostaram das indicações?
Eu já li Eu te darei o Sol e esse livro é realmente incrível, eu super recomendo.

Desafio dos 100 filmes - 10

08/09/2021

Finalmente chegarei na metade do desafio e eu nem imagino como o trabalho que seria se eu resolvesse assistir todos dessa lista. Mas falta pouco para acabar, então bora lá.

46 - Um filme que você gostaria de atuar

hahah Tá, essa escolha é estranha. Mas esse elenco parecia se divertir tanto durante as filmagens que parece que seria legal.

47 - Um filme ridículo

Mais ridículo que o próprio Crepúsculo somente Os Vampiros que se Mordam. Eu me divertia muito assistindo essa sátira, mas que é ridículo isso com certeza é.

48 - Algum filme que tenham te contado o final antes de você assistir

Tudo bem que eu não gosto de HP, mas o último filme da saga eu nunca precisei assistir pois os fãs desde a semana do lançamento já fizeram o favor de contar tudo na internet. hahaha

49 - Um filme que seja biográfico

Eu adoro esse filme. A maioria das cinebiografias são emocionantes, mas aqui parece que sofremos junto com o personagem. Uma Mente Brilhante conta a história do matemático John Forbes Nash que era um gênio da matemática, mas lutava contra a esquizofrenia. 

50 - Um filme paródia

Bom, tem espaço para mais uma paródia aqui então vai Todo Mundo quase Morto. Eu adoro essa paródia de zumbis e é sempre bom dar risada.

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Releitura: Incendeia-Me, de Tahereh Mafi

06/09/2021

 

Eis que após algumas semanas sumida eu voltei com mais um post da minha meta de reler (e ler) todos os livros da série Estilhaça-Me. Cheguei ao último livro daquilo que eu chamo de trilogia original, quando os fãs pensavam que não haveria mais livros da série e tiveram que se conformar com o final — que não é de todo ruim, apenas um pouco rápido.

Se você acompanhou as postagens anteriores viu que mesmo eu adorando a série não poupei criticas sobre alguns acontecimentos e até mesmo sobre os personagens. Eu continuo amando eles, mas a leitura do livro já na vida adulta muda um pouco de perspectiva. Neste livro não foi diferente, apesar de eu ter tido uma experiência completamente nova ao perceber que eu tinha uma ideia do livro que não é verdadeira em relação a cronologia. De alguma maneira na minha cabeça nesse livro Juliette e Warner passam muito tempo juntos como um casal e isso não é verdade. É até estranho quando eles, finalmente, decidem ficar juntos o livro já está quase no fim. Eu espero que não tenha muitos dramas no romance nos próximos livros, pois eu ficarei muito irritada.

Já estive aqui antes, digo a mim mesma. Já fui mais solitária do que isso, com menos esperança do que isso, mais desesperada do que isso. Já estive aqui antes e sobrevivi. Posso passar por isso.

Após o primeiro livro a autora praticamente esqueceu de toda a questão distópica da obra e isso me deixa bem irritada, pois é uma das coisas que eu sempre tive mais curiosidade de saber. Agora Juliette está de volta do QG de Warner e como está muito próxima dele, de inicio como amiga e depois como namorada, seria o momento certo para descobrir tudo isso, entretanto com os dramas do triângulo amoroso e seu desejo de matar Anderson mais uma vez essa questão é deixada de lado. Para ser justa algumas coisas pequenas sobre O Restabelecimento são reveladas, mas essas informações vem junto com outras antigas que acabam não fazendo tanta diferença assim.

O principal tema abordado nesse volume é o romance, pois após o término de Juliette e Adam ainda no Ponto Ômega ela acabou repensando sobre seus sentimentos. Eu sou a pessoa que acredita que um boooom tempo solteira faz bem para qualquer uma que saiu de um namoro conturbado (e olha que esse namorico dos dois durou nem 2 meses). Juliette e Warner finalmente começam a se entender e mais do que isso ela começa a se entender de uma forma como nunca tinha feito antes. Um pouco com a ajuda dele, mas grande parte sozinha e junto com essa perspectiva há uma forma de tornar Adam o vilão tóxico da coisa toda. Eu nunca na minha vida imaginei defender Adam nem um pouco, mas apesar de a autora ter pego pesado nessa transformação do personagem eu continuou com as mesmas impressões que acabei ficando do livro anterior: ele vê Juliette como algo bom de sua vida; E agora percebendo que está a perdendo de verdade, para sempre, é como se todo o mundo dele fosse ruir novamente. Isso faz com que ele entre em pânico e dê aquelas surtadas ridículas. Não quero passar pano para ele, pois as coisas que ele fala para ela são horríveis e pesadas, mesmo ele estando magoado nunca deveria agir daquela forma; entretanto eu não consigo deixar de sentir pena. Torço para que ele tenha uma conclusão melhor nos próximos livros, pois aqui ele mal teve um final.

Não sei qual versão minha o Adam gosta. Não sou agora a mesma pessoa que era quando estávamos na escola. Não sou mais aquela menina. Acho que ele quer isso — afirmo, levantando o olhar para Kenji. — Acho que ele quer fingir que sou a menina que não fala de verdade e passa a maior parte do tempo tendo medo. O tipo de menina que ele precisa proteger e de quem precisa cuidar o tempo todo. Não sei se ele gosta de quem eu sou agora.

Eu adoro a química entre Juliette e Warner. O relacionamento deles aqui passa a ser tão levinho e todas aquelas impressões negativas dele são justificadas como um "mal entendido". Claro, eu não vou cair nessa fácil e ouso dizer que provavelmente ele seria sim o vilão da série, mas provavelmente com a recepção do público em relação à ele e a mãozinha do agente ele acabou se tornando, enfim, o mocinho (nem tão mocinho ainda) da história. De toda forma como ele apoia Juliette em suas ideias, como ele a ajuda a se tornar uma líder (algo que ele sempre acreditou que ela fosse) é até lindo de ver, pois é justamente isso que um namorado deve fazer mesmo quando a outra pessoa quer fazer coisas que você discorda. Warner da a ela a liberdade de tentar fazer as coisas e ajuda-la a não quebrar a cara, mas se quebrar ele vai ajudar a superar sem ficar tacando as coisas na cara, sabe? O meu rancinho por ele do primeiro livro até passa nessas horas e eu amo tanto esse casal que quero guardar num potinho.

Mais uma vez eu vim aqui com um texto longo, mas tá difícil resumir tudo que eu acho, então vou reservar esse espaço só para falar daquilo na história além do romance: O plano de Juliette em acabar com Anderson. Ela tem apenas 17 anos e zero experiência com as coisas, afinal ficou uns 4 anos presa. Castle tem experiência em liderar pessoas, apesar de ser muito altruísta. Warner nem preciso falar, né? Ele é "só" o líder de um setor inteiro, mesmo tão jovem. Kenji e Adam (a contragosto) tem experiência militar. Todos ali simplesmente aceitam a ideia dela rápido e fácil. Sim, ela amadureceu muito desde o primeiro livro, mas isso não anula a falta de experiência e treinamento dela nesse novo mundo que ela está descobrindo; Então é aqui que Tahereh deu mais uma leve pecada na história. Assim como da primeira vez o final tem um gosto amargo na boca, uma necessidade de algo a mais e que talvez ela venha a entregar nos próximos volumes.

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Título: Incendeia-Me (Ignite Me) - Shatter Me #3 • Autora: Tahereh Mafi
Editora: Novo Conceito • Tradução: Bárbara Menezes

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