Resenha: Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca Foi

12/02/2018

Com uma capa extremamente encantadora Quando Finalmente Voltará a Ser Como Nunca Foi é o livro que eu precisava para me tirar uma ressaca literária que me consumia há semanas. Com uma narrativa leve e descontraída o autor nos conta a sua história como se estivesse narrando um livro de ficção (eu demorei para realmente acreditar que o livro não é de ficção), entretanto nem todos os momentos são de alegria e muitas vezes senti uma tristeza por algo que aconteceu ou até mesmo algo que me remete a alguma lembrança triste de minha própria vida, mesmo que seja tão diferente da apresentada por ele.

Filho do diretor de um hospital psiquiátrico, irmão mais novo de três filhos e com certa dificuldade de aprendizado, Joachim é uma criança que desde cedo aprendeu que na vida nem tudo é como queremos — mesmo que diversas vezes seja difícil de aceitar e lidar com isso. Seu relacionamento com a família é algo que realmente me agradou, principalmente com seu pai que sempre foi uma grande pessoa para ele e mesmo com o passar dos anos e com as descobertas da vida adulta isso não se alterou. Geralmente eu não fico muito atraída por relacionamento entre pai x filho(a) nos livros, talvez por eu não ter um relacionamento tão profundo com o meu próprio pai, entretanto ao ver o relacionamento deles eu me pegava pensando no quanto seria bom ter algo assim com o meu pai, aquela cumplicidade, aquela forma de amor, incentivo e os detalhes (tipo quando ele conta que conhece o ritmo de leitura do pai, ou como quando sabia que ele estava prestes a encarar uma mulher na rua e etc).


O autor tem uma forma peculiar de narrar as passagens de tempo, então algumas vezes eu achava que era um acontecimento de sua infância quando na verdade já tinha mudado para sua adolescência. No começo eu achei um pouco ruim, mas isso acaba sendo apenas um detalhe ao longo da leitura. O tempo não é algo que seja realmente relevante na história, melhor focando nos acontecimentos em si. Cada capitulo narra algo especifico, alguns em que ele fala sobre determinados pacientes do hospital, outros sobre a compra de uma nova casa, e até sobre seu relacionamento com a cachorra da família.

Uma das melhores leituras que fiz e olha que nem sou uma fã de livros de não-ficção/biográficos; fui atraída esperando encontrar algo e o que encontrei foi muito melhor do que qualquer coisa que eu imaginava. É uma leitura rápida e direta, divertida e emocionante.

(...) Ficava me perguntando porque justamente aquilo que mais se deseja no mundo me causava um medo tão atroz.
— Se os sapatos fossem confortáveis você logo se esquecia de que estava com ele nos pés. Mas como você gosta muito deles, quer sempre se lembrar do que esta calçando. Quando o sapato aperta a gente não consegue esquecer.— Resposta inteligente! — disse ele.
— É o que também acho. Há uma relação entre conforto e esquecimento.

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