Resenha: Eu, Tituba — Bruxa Negra de Salem (Romance)

26/11/2020

 


Tituba foi uma mulher escravizada que viveu em um dos períodos mais conturbados da história para uma mulher: A Queima das Bruxas de Salem. Ela era escrava de um pastor e pouco tempo após eles se instalarem em Salem as crianças começaram a sofrer de algo que era considerado por todos algo do diabo. Naturalmente, por Tituba ser negra toda a culpa foi para ela primeiro e posteriormente para outras mulheres (e alguns homens). Essa é uma parte da História que todos já ouviram falar em algum momento, mas não conhecemos todos os detalhes a fundo, seja porque não havia tantos registros daquela época suficientes para essa história ser contada ou pelo racismo que escondeu Tituba disso. O fato é que Maryse Condé se inspirou na história de Tituba, a Bruxa Negra de Salem e transformou em um romance~biografico dele e eu só posso dizer que essa história é incrível, triste, e tão real quanto você ler esse texto agora.

A partir de agora quando eu citar Tituba será referente a personagem do livro, então algumas coisas podem não ser reais pois a autora quis dar uma história para ela.

Tituba nasceu em Barbados fruto de um estupro, por isso sempre sentiu que sua mãe nunca lhe amou como deveria e ao mesmo tempo se questionava como uma mulher escravizada poderia amar sua filha, fruto de um estupro de um branco, e mais do que isso o questionado de como essa mulher poderia se apagar correndo o risco de perder a filha a qualquer momento. Foi criada por seu padrasto, que a batizou e deu todo o afeto que ela poderia desejar na primeira infância, só que logo uma tragédia fez com que Tituba perdesse os dois e se visse sozinha. Uma mulher acabou acolhendo-a e ensinou a Tituba todos os conhecimentos que tinha da natureza, como a cura com ervas. Após ficar sozinha mais uma vez Tituba percebeu que deveria levar a vida sozinha, continuando seus estudos e ajudando os seus; Entretanto ao conhecer um homem e se apaixonar ela acabou deixando tudo para trás para poder ficar com quem, acreditou, ser o seu amor.


Infelizmente a vida de Tituba mudou para pior após se juntar com John, um escravizado que viveu a vida inteira na casa dos brancos e que não conhecia a realidade dos seus. Esse relacionado foi, de longe, a pior coisa do livro e o que me deixou mais ódio. Eu tinha vontade de gritar para Tituba deixar esse homem e voltar para o cantinho dele, onde ninguém a incomodada e ela era livre, só que por esse relacionado foi obrigada a "aceitar deus", a se converter ao cristianismo, além das humilhações. Para pior após um período ambos foram vendidos a um pastor que estava indo para a "América" e Tituba passou a ser responsável com os cuidados da casa.

Ela acabou se apegando as filhas do pastor e tentava cuidar delas da melhor forma, principalmente da mais jovem, que era facilmente influenciada pelas outras meninas da vila e aos poucos foi vendo em Tituba uma figura maldosa, a acusando de fazer com que o maligno atormentasse a criança. Por isso não tardou muito ela ser acusada de bruxaria, já que acima de tudo era o alvo mais fácil para isso. Ela passou meses em uma prisão, sofreu diversas torturas e mesmo assim não deixou de ter esperança de que poderia sair dali com vida, de que um dia voltaria a sua amada Barbados.

Para uma escravizada , a maternidade não é uma alegria. Ela vem para expelirmos, em um mundo de servidão e abjeção, um pequeno inocente, cujo o destino será impossível de mudar.

A história é extremamente triste, não por ser um livro, mas é justamente saber o que ela sofreu ali dentro e, sem deixar de refletir, todas as mulheres que foram acusadas de bruxaria inocentemente. Mas Tituba foi uma das primeiras a sair livre pois acabou confessando que estava envolvida em bruxaria e com o maligno com a justificativa de que como uma escravizada a única coisa que sabe fazer é obedecer, pois nasceu para servir não importa a quem.

Maryse Condé deu a Tituba uma história que os historiadores ignoraram por puro racismo, afinal quem queria contar história de uma escravizada preta, né? O final foi sim romantizado, já que ninguém sabe ao certo o que aconteceu a ela após ser liberta da prisão. Só que eu, particularmente, acho que ela merecia mais, merecia ser feliz e livre, merecia viver em paz consigo mesma e não acabar caindo em novas armadilhas. Talvez eu não tenha entendido, de fato, o que o final significa por eu não ser parte dela, se é que vocês entendem, de qualquer forma o livro é emocionante, trás reflexões, e mais um pedaço de dor da história dos escravizados.

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Título: Eu, Tituba — Bruxa Negra de Salem (romance) (Moi, Tituba, Sorcière... noire de Salem)
Autora: Maryse Condé • Editora: Rosa dos Tempos • Tradução: Natalia Borges Polesso

Então eu resolvi fazer um BUJO

23/11/2020

 


Esse negócio de BUJO virou moda de uns tempos pra cá, né? E após ver várias postagens, perfis específicos para isso (tanto no Instagram quanto no Tiktok) e até livro sobre o assunto resolvi fazer um para organizar as minhas leituras.

Vou te falar que eu não sigo o método bujo propriamente dito (e eu também não o conheço), então eu faço só umas anotações do que estou lendo, progresso e planejamento de leituras para o mês seguinte. Comecei em Setembro deste ano, mas para o próximo ano já quero colocar minhas metas de leitura e fazer algumas analises de temas, autores, e etc. Não planejei ainda como vou colocar isso nas páginas, mas já é um começo ter a ideia, né? 


Uma das coisas que mais me impediam de começar um bujo era a falta de criatividade. Eu via minhas criações feias perto das meninas que postam no Instagram. Minha letra e/ou lettering não é muito bom, não tenho técnica para fazer desenhos e não tenho nada diferente para enfeitar. Pois então eu deixei isso de lado e passei a tentar com o que tinha aqui. Primeiro foram os lápis de cor e marca-texto, aí entrei no Shopee e comprei alguns adesivos e washi tapes (tipo, tem coisinhas de R$1,00 e frete grátis se você pesquisar bem) e fui usando livros velhos que peguei em sebo, corto marcadores de livros com desenhos bonitinhos, uso restos de papel do dia a dia, e por ai vai. Acabei descobrindo que não tenho taaanta falta de criatividade quanto achava e principalmente que todo o processo é divertido.

Outra coisa que me ajuda demais é o Pinterest, onde eu pesquiso tutoriais de desenhos, como fazer um doodle, até mesmo capas, e ideias para novas páginas. Lá é o mesmo lugar para pegar ideias, seja de qualquer coisa e tentar reproduzir (uma das ideias da rede é justamente essa).


Claro que o Instagram não pode ficar de fora, afinal com o reels tem muitas meninas postando vídeos rápidos de BUJO, com dicas, tutoriais, formas de fazer calendário, capa, os trackers da vida e por ai vai. Eu não sigo pessoas que falam de bujo, mas sempre to de olho nas hashtags (clique nas imagens para ser direcionada)



o Tiktok eu acompanho bem menos, mas tem algumas coisinhas legais. A maioria que eu vi são meninas gringas e usam materiais mais sofisticados, eu ainda não cheguei nesse patamar. kk


Se tem um livro que o bookstan não larga do osso é Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, e eu como gosto de ser contrária a tudo levei um ano para resolver ler e tirar minhas próprias conclusões. Não gosto muito de hypes, então acho que essa é a minha defesa para ter fugido por meses. Algumas fugas não duram para sempre, então juntando a minha ressaca literária e preguiça de ler qualquer livro de não ficção fora da faculdade decidi ler esse e, claramente, foi a melhor decisão que tomei nos últimos meses. Então pode me chamar de presunçosa quando eu falo que esse é o livro mais importante que você terá a oportunidade de ler, mas acredito mesmo que Evelyn Hugo é um livro que nos fará refletir sobre o machismo, lgbtqi+, fama, dinheiro e família como nunca pensamos antes (pelo menos não com todos esses elementos juntos). Isso desconsiderando o fato de termos uma personagem latina como protagonista, e que obviamente deixa todas as suas origens de lado em busca de um sonho. 

Evelyn Hugo é uma famosa atriz de Hollywood, que ganhou fama em meados dos anos 50 com alguns papeis pequenos e na adaptação do clássico Mulherzinhas. Ela sonhava com a fama desde pequena, então na primeira oportunidade, ainda com 16 anos, casou com um homem e partiu para Flórida em busca do que queria sem tardar a conquistar, já que mesmo adolescente ela era determinada e persuasiva, sem falar que era dedicada em aprender tudo sobre atuação e principalmente sobre o meio hollywoodiano. 

Quando surge uma oportunidade para mudar sua vida, esteja pronta para fazer o que for preciso.

Uma das coisas mais notórias a respeito de Evelyn Hugo é sobre os seus 7 casamentos e os motivos que a levaram a ter tantos maridos, tantos relacionamentos fracassados ao longo de sua vida, e o motivo é justamente uma das melhores coisas do livro e de sua história. Eu acho que a essa altura todos já devem ter lido algum spoiler ou outro sobre o livro, então não vou considerar isso como uma grande novidade: Evelyn Hugo é bissexual que passou a vida inteira apaixonada por uma mulher (que também é atriz) e nunca pode revelar ao mundo e seus fãs esse amor. Ambas, de certa forma, viveram por esse amor, mas como havia tanto a perder sempre foi tudo escondido. Evelyn usava os homens a seu favor, seja para esconder seu segredo, ou para subir na escala de fama, e por esse amor ela nunca amou de verdade nenhum de seus maridos (com exceção de Cameron, que era seu melhor amigo e que, inclusive, tem um plot muito bom dele). A história é contata pelo ponto de vista de Monique, uma jornalista que foi convidada por Evelyn a entrevista-la e escrever sua biografia (a única autorizada pela própria Evelyn e que terá toda a verdade a respeito da estrela).


Eu nunca li um livro onde a protagonista é latina (eu acho) e mesmo que a autora tenha escrito Evelyn envergonhada de suas origens, tentando esconder quem é e de onde veio, ainda assim é interessante ver por esse aspecto. Acho que a autora não tem, de fato, lugar de falar em respeito as pessoas latinas que vivem nos EUA, por exemplo, mas ela soube como colocar essa pessoa num lugar importante na história sem estereótipos e retratando algo que é comum a essas pessoas: O sonho americano. 

O ponto alto fica na pauta lgbtqi+, já que como dito Evelyn é bi e se apaixona por outra mulher, que é lésbica. As duas precisam esconder isso, pela fama acima de tudo, e pelo medo do que pode acontecer se revelarem sua sexualidade ao mundo. Lembrando que no século passado haviam "experiências" de reversão de "opção sexual", e até poderia ser considerada uma "pratica" criminosa (e infelizmente ainda é em alguns países em pleno século XXI). Eu queria dizer que amo esse romance do livro, mas ele é sofrimento atrás de sofrimento. Quero dizer que eu amo as duas, entretanto me dói ver como elas sofreram ao longo dos anos até conseguirem ficar juntas, e mesmo assim vivendo uma mentira e isoladas do mundo por anos. Ninguém deveria ter que esconder quem é e quem ama, mas como bem sabemos isso ainda é comum e tem pessoas que nunca vão ser plenamente felizes (como foi com elas). Então foi bom ler essa perspectiva em um ambiente hollywoodiano, ainda mais com todos os podres que a indústria cinematografia carrega de longos e longos anos. 

Sobre Monique: Para mim é uma personagem indiferente dentro do livro. A autora tentou dar um arco para ela, principalmente no que diz respeito a seu pai, entretanto para mim não foi o suficiente para a personagem ser realmente relevante dentro da proposta do livro. Acho que se a narrativa tivesse dado a ideia de que era uma biografia tudo teria sido muito mais interessante, até porque ainda sendo vendido como um livro de ficção eu vejo algumas pessoas ainda achando que Evelyn Hugo foi real, então a ideia de enganar os leitores é boa.

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Título: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (The Seven Husbands of Evelyn Hugo) • Autora: Taylor Jenkins Reid
Editora: Paralela • Tradução: Alexandre Boide

Notas sobre a pandemia e o futuro da humanidade

13/11/2020

Yuval Noah Harari  ficou mundialmente famoso após as publicações de Sapiens e, posteriormente, Homo Deus, além de sempre dar entrevistas falando sobre a humanidade (inclusive no Roda Viva em 2019), além de ter um currículo extenso, portanto o historiador tem culhões para falar e opinar sobre o assunto tão delicado quanto a pandemia do Corona Vírus que vivemos durante esse ano (e sabe-se lá até quando, né). Infelizmente o único "livro" do autor que li até o momento foi essa pequena coletânea de entrevistas e textos publicados durante esse ano onde ele faz analises interessantes e, digo até, severas sobre a humanidade (principalmente os líderes) a respeito da pandemia.

O verdadeiro antídoto para epidemias não é a segregação, mas a cooperação.

Nessas entrevistas o historiador explica como nós podemos vencer a pandemia antes que houvesse uma vacina para a doença e aborda as questões politicas que sugiram após a propagação da doença pelo mundo, explicando que a melhor forma não é fechar fronteiras, ignorar os problemas dos países vizinhos e os mais pobres, é necessário todos se ajudarem não apenas financeiramente, mas com profissionais capacitados para a linha de frente em países carentes destes, ou contribuindo com estudos que possam beneficiar vários lugares e pessoas, além de tudo em todos os textos ele fala sobre a falta de comprometimento que a maior potência mundial teve em relação ao vírus,  minimizando os riscos e colocando assim em risco a vida de milhões de pessoas (e hoje nós sabemos que essas milhões de pessoas não estão apenas nos EUA, mas até mesmo no Brasil onde o presidente segue uma politica semelhante ao de Trump).

(...) a melhor defesa que os humanos têm contra os patógenos não é o isolamento, mas a informação. A humanidade tem vencido a guerra contras as epidemias porque, na corrida armamentista, entre patógenos e médicos, os patógenos dependem de mutações cegas, ao passo que as médicos se apoiam na análise cientifica da informação.

É estranho pensando nós (a sociedade universal de modo geral), demos vários passos para trás quando a questão é a ciência, e não porque a ciência não está evoluindo, e sim porque passamos a desacreditar nele e voltar com valores arcaicos de que a ciência não é exata, que a ciência não é benéfica. É bizarro quando eu estou trabalhando e um mulher de uns 60 anos entra na loja sem máscara e ainda fala em alto e bom som que a doença não existe e que nunca vai tomar a vacina porque a vacina é um meio para controlar a população, saca? E isso realmente aconteceu há menos de uma semana, então quando foi que nós deixamos de apreciar as descobertas da ciência para acreditar em coisas que pessoas sem embasamento anda falando na internet? A era de atribuir as desgraças do mundo a fúria dos deuses acabou há séculos e essas pessoas ainda não se deram conta. 

Particularmente gostaria de saber quais são as perspectivas de Harari agora que terá uma mudança na politica estadunidense com a eleição de Biden e como ele acha isso que isso interfira na parte da história em que o Corona Vírus está inserido. 

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Título: Notas Sobre a Pandemia • Autor: Yuval Noah Harari
Editora: Companhia das Letras • Tradução: Odorico Leal

LEIA UM ARTIGO DE GRAÇA

Resenha: O Timbre

09/11/2020



Não é segredo que eu estava muito ansiosa para a conclusão da trilogia O Ceifador, então quando vi ele disponível na Amazon fui logo comprando para fazer essa leitura. O Timbre foi para mim um livro de conclusão sem defeitos, com mensagens e história que provavelmente irá agradar aos fãs da obra. Sim, fiquei muito triste por ter que me despedir desses personagens, principalmente da Nimbo-Cumulo, mas a felicidade de ter a oportunidade de ler uma história como essa me deixa muito, mas muito feliz mesmo.

Essa postagem será livre de spoilers, porém irei usar algumas referencias dos livros anteriores.

Não podemos negar que nenhuma pista foi dada do que poderia acontecer após a Nimbo-Cumulo tomar uma decisão tão radical em relação aos seres humanos e no que diz respeito a Ceifa tudo parecia perdido após o "terrorismo" cometido por Goddard, entretanto já nas primeiras páginas o autor mostrou que sabia exatamente qual rumo a história tomaria, já que todos os personagens estavam onde ele bem queria.

Citra e Rowan mais uma vez foram separados e eu amo que mesmo eles não se vendo, nem se comunicando, ainda assim eles tem o mesmo objetivo e parecem funcionar em sintonia total. É claro que Citra continua sendo o centro das atenções, principalmente agora que se tornou uma lenda, entretanto suas duvidas em relação a Ceifa e a integridade dela coloca em risco todas as crenças que  ela aprendeu com os honoráveis que a treinaram. Eu acredito que já comentei nas resenhas anteriores sobre a grandiosidade que a Ceifa é tratada, quase comparada como uma religião, e os questionamentos de Citra são semelhantes com os meus próprios a respeito da religião, sobre seus luxos, objetivos, e pessoas que ali estão envolvidas. Rowan, que por sua vez já tinha percebido isso há muito tempo, continua sofrendo as consequências de todos os seus atos como Ceifador Lúcifer, continua sendo odiado, mesmo que temido, e é uma grande ameaça aquelas que andam por caminhos tortos. O que me deixa mais triste é que todas as vezes que ele tentou se provar, tentou fazer o certo só foi visto negativamente, seja pela Ceifa, quando pelas pessoas, em um ponto que até mesmo sua família acha que ele é uma pessoa ruim, uma vergonha; Isso sem levar em consideração o peso que ele carrega pela perda de um amigo próximo por causa desse jogo de poder.

Deu para perceber que eu amo Rowan, né? De fato sim, acredito que ele é um personagem com grande desenvolvimento durante os três livros e comparando com Citra, que acabou sendo reconhecida de forma positiva e teve uma vida até que feliz sendo Ceifadora, ele acabou lutando sozinho por aquilo que ambos acreditam. E voltando a Citra não que ela tenha se encantado pelo mundo e a ideia de ser Ceifadora, mas por ela ter conseguido oficialmente se tornar uma e ter vivido algo que foi roubado de Rowan e por mais que ela tenha uma visão negacionista do "glamour" que alguns atribuem a Ceifa ela ainda faz parte daquilo, como se em comparativo com o que temos hoje ela é a privilegiada que critica os privilegiados sem perceber que ela faz parte daquilo, entende?

Deixando um pouco de lado os jovens eu quero falar da Nimbo-Cumulo, que mais uma vez provou ser a protagonista da coisa toda. Sério, eu acho que nunca imaginei que amaria tanto uma IA quanto eu amo ela, pois ela é tudo aquilo que uma IA deve ser: resiliente. Ela tem um amor infinito pela raça humana e tantas vezes eu senti pena dela por causa desse amor, pois o ser humano esta longe de merecer o amor de algo como a Nimbo-Cumulo. Ela acabou com todos os nosso problemas, ela ainda encontra soluções eficientes para problemas que podemos ter, inventar, e ainda assim conseguimos estragar tudo. Claro que ela sabe que pode confiar em uns, até mesmo em alguns que estão na Ceifa (onde ela é proibida de interferir) e outra coisa que amo nela é o jeito de ela conseguir com que tudo seja feito de forma correta até quando envolve a Ceifa. Eu falei um pouco mais sobre ela na postagem especial, então leia pois tem outras coisas interessantes sobre ela.

Mesmo que os 3 sejam os protagonistas da história o autor não deixou de mostrar o que acontecia com outros personagens relevantes. Um deles é Greyson que acabou ganhando destaque notável ao se tornar alguém importante na salvação da humanidade. Eu não vou me estender nele, pois acho que a respeito dele poderia escapar alguns spoilers, mas adianto que ele é muito querido e que se faz de besta, apesar de se aproveitar um pouco do poder que tem. E sim, muitos outros personagens são mostrados na trama, incluindo os antagonistas e coadjuvantes, mas como suas aparições estão ligadas ao desenvolvimento da trama e não como algum desenvolvimento de personagem eu não vou falar sobre eles nesse post.

Agora a história e conclusão em si: Não há nada que eu deva reclamar desse livro já que minhas expectativas foram atendidas. Ao contrário de algumas conclusões de saga/trilogias que li O Timbre não foi corrido, tudo aconteceu no seu devido tempo, mesmo que eu ficava me perguntando o tempo todo o que ia acontecer, já que demorou muuito tempo para o grande reencontro de todos os personagens. Mais do que isso o final não foi previsível, o final não foi digno de novela das oito. O Timbre teve o melhor final que poderia ter e eu não esperava menos do autor.

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Título: O Timbre (The Toll) - Scythe #3 • Autor: Neal Shusterman
Editora: Seguinte • Tradução: Guilherme Miranda
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O Coração Assombrado de Stephen King, por Lisa Rogak

06/11/2020

Não é nenhum segredo que eu sou uma admiradora da obra de Stephen King, né? Acho ele um autor completo, com obras que falam sobre o terror do ser humano e dos monstros que nos assombram. Há algum tempo comprei a biografia não autorizada, lançada no Brasil pela Darkside Books, e achei que Setembro/Outubro seria conveniente ler, pois tivemos o aniversário do autor no dia 21/09 e o Mês do Halloween.

É de conhecimento publico que King teve problemas com drogas no inicio de sua carreira, o maior exemplo é a respeito de Cujo que ele nem se lembra de ter escrito a obra, e o próprio IT que tem passagens tão bizarras que é impossível pensar que uma pessoa sóbria escreveria aquilo. Nesta obra é possível ver as causas desse vício e suas consequências, já que por muitos anos o autor precisou lidar com o abandono de seu pai ainda na infância e a convivência com a mãe que viu batalhando para criar seus dois filhos sozinha. Na infância ele tem uma vida muito difícil e pobre, e na escola não era um dos mais populares também, então por isso acabou enfiando as caras nos livros logo cedo e escrevendo coisas infantis, que sua própria mãe incentivava e pagava umas moedinhas por cada "livro" que ele escrevia. É uma pena saber que ela não pode ver o sucesso de seu filho, já que morreu pouco tempo depois de ele lançar seus primeiros livros, mas com certeza grande parte do seu sucesso é graças ao incentivo dela.

Eu sei que ele tem alguns livros falando sobre escrita, escrita criativa e todo esse processo e pelo seu modo de trabalhar, como é retratado aqui, eu penso que esse homem deveria  falar mais sobre isso, principalmente por ser uma grande inspiração para seus fãs, autores de terror e horror e aspirantes. Só a forma como ele pega uma única ideia e transforma em algo grandioso e, em certos momentos, aterrorizante, o cara já merece muito mais prêmios do que tem, já que poucos autores conseguem sempre sair de sua zona de conforto (vamos combinar que ele consegue se aventurar em praticamente qualquer gênero).

Você leva o seu lugar de origem para onde quer que vá.

Com certeza o que mais gostei de saber foi sobre sua família, já que eu não sou o tipo que fica pesquisando muito sobre isso no Google foi curioso ver seu relacionamento do Tabitha e como ela sempre o apoiou, desde que eles quase não tinham onde cair morto, até todo o uso do dinheiro da venda de um conto para comprar remédios para o filho doente e principalmente os anos que aguentou esse homem viciado em drogas. E o mais bonito de tudo é como os filhos o admiram, mesmo tendo lembranças desagradáveis dele na infância, ainda assim os três sentem um amor pelo pai e isso é evidente quando dois de seus três filhos também se tornaram escritores.

O livro é de 2016, então me deixou curiosa com algumas coisas dos últimos anos da carreira dele, principalmente com tantas novas produções relacionadas ao autor e seus novos livros que tem uma pegada um pouco diferente do que ele costumava ser antes. Quem sabe um dia ele nos presenteie com uma autobiografia, né?

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Título: Stephen King - A Biografia: Coração Assombrado: Longa vida ao rei • Autora Lisa Rogak
Editora: DarksideBooks • Tradução: Claudia Guimarães

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Resenha: As Outras Pessoas

03/11/2020

Livro As Outras Pessoas

Eu já me assumi fã de C. J. Tudor desde a primeira vez que li uma obra(O Homem de Giz), então quando vi esse livro lá no Intrínsecos já fiquei com bastante vontade de ler, claramente logo que foi lançado tive que comprar e como meta para Outubro encaixei essa leitura. Só tenho a agradecer, pois acho que eu precisava de uma obra assim para tentar sair da minha ressaca literária (que eu culpo a faculdade).

Em modo gerais acho que a especialidade dela é colocar alguma pessoa (ou coisa) desaparecida em seus livros e por mais que possa parecer batido para nós que gostamos de ler livros de suspense e thrillers (e até mesmo os livros dela), ainda assim houveram algumas surpresas ao longo da história. Gabe é um homem ausente com sua família, por mais que a ame, por causa do trabalho e um segredo mantêa, sua esposa lhe cobra isso sempre e um dia que ele tenta chegar em casa mais cedo para passar um tempo com elas acaba vendo a sua filha pedindo por socorro em um carro velho na rodovia, então ao chegar em casa descobre que sua família está morta. Isso é só o primeiro capítulo, então não tem spoilers aqui.

A imagem da garota pedindo por socorro ficou em sua mente e ele acaba decidido a procurar por sua filha, naquela mesma rodovia, vagando ali anos e anos na esperança de encontrar aquele carro. Claro que ele se torna um homem amargo, com problemas psicológicos, e o sentimento de culpa pelo que houve, entretanto ele é um personagem que me cativou, talvez por todo o desenvolvimento que ele teve na trama que só me fizeram ter empatia com sua perda e incansável busca.

Todos somos capazes de praticar o bem e o mal. Poucos mostramos nossas verdadeira face para o mundo. Por medo de que o mundo a veja e comece a gritar.

O livro é narrado em terceira pessoa, portanto outros personagens importantes nos são apresentados para complementar a história e no meio do caminho conhecemos duas irmãos que perderam o pai em um assalto há alguns anos. Isso destruiu a família e acabou fazendo com que uma fugisse e passasse a viver de forma paranoica com medo de ser encontrada. Essas histórias acabam se conectando e gosto como a autora fez essa conexão, tão sutil e tão importante.

As Outras Pessoas é um livro sobre perda, mas que vai acabar atiçando a curiosidade dos leitores para o desconhecido que envolve esse título, vai brincar com o maior submundo da internet da pior forma, afinal todos temos medo de perder alguém, todos em algum momento já desejamos vingança por alguma coisa que nos aconteceu e esse livro mostra até onde alguém pode ir para conseguir essa vingança.

Uma das únicas coisas que não me agradou foi o desejo da autora de colocar algo sobrenatural na obra. Eu amo livros que mexem com o ser humano e o pior que ele pode ser, mas acho que isso não combina com algumas coisas sobrenaturais que podem ficar desconexas na história e assim como aconteceu com O Que Aconteceu com Annie eu senti que aconteceu aqui também. Nada que me faça odiar o livro, só me deixa um pouco incomodada mesmo.

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Título: As Outras Pessoas (The Other People) • Autora: C. J. Tudor
Editora: Intrínseca • Tradução: Giu Alonso