Resenha: Pânico - O Legado do Grito

27/10/2025

Livro Pânico - O Legado do Grito. Scream Book

Olá, leitoras. Como vocês estão?

Após longos anos, que eu já perdi as contas, eu estou na missão de voltar a publicar aqui com frequência e, claro, a missão maior é ler com mais frequência. E eu não poderia deixar de falar sobre esse livro que conta dos bastidores de uma das franquias de terror que fez parte da minha vida e que eu mais amo: Pânico (Scream, 1996).

O livro nos traz detalhes dos bastidores dos filmes da franquia, focando um pouco mais no primeiro filme, contando como Wes Craven foi parar nesse projeto depois do sucesso de A Hora de Pesadelo (e uma leve decadência dessa franquia no inicio dos anos 90) e mostra o quanto o combo Wes Craven e Kevin Williamson funcionou tão bem para criar de um slasher que subverte as expectativas que o público tinha de filmes desse gênero. Pânico teve um impacto tão grande, mesmo com um orçamento relativamente pequeno (na casa dos 15 milhões), que filmes como Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado e Lenda Urbana beberam dessa fonte para correr atrás do sucesso.

Além de seu impacto nas telas ao longo desses 29 anos o filme tem histórias de bastidores maravilhosas. Uma delas, que eu até gostaria que tivesse mais detalhes e até fotos no livro, é sobre a escolha da máscara do Ghostface. Apesar de ser uma grande fã da franquia eu nunca me liguei muito em histórias de bastidores, então imaginem a minha surpresa quando li o nome de Greg Nicotero (hoje em dia famoso pelo seu trabalho em The Walking Dead) nas páginas?! Ele foi uma das pessoas que tentou criar uma máscara icônica para o grande vilão da história, porém nada agradava a produção. No fim das contas a mascara foi uma escolha quase que aleatória depois que uma das produtoras encontrou uma mascara em uma das locações do filme. Ela precisou passar por algumas mudanças, por questões de direitos autorais, mas depois a própria empresa que comercializava a máscara original aproveitou o hype para criar e comercializar novas máscaras do Ghostface ao longo dos anos.

Drew Barrymore em Pânico (Scream)

A franquia sempre apostou em elencos de destaque, incluindo atrizes como Jada Pinkett Smith, Jenna Ortega, Emma Roberts e Hayden Panettiere. Mas, no primeiro filme, Courteney Cox foi quem deu o tom com sua presença marcante. A ideia não era pegar um elenco jovem que já tivesse muito reconhecimento em Hollywood e essa estratégia não-estratégia funcionou. Hoje em dia não tem como ver a Neve Campbell e não relaciona-la diretamente com seu papel de Sidney. Na época ela já tinha alguns trabalhos relevantes, mas analisando hoje em dia nenhum deles foi tão relevante quanto sua final girl em Pânico. Outra atriz que teve grande destaque na estreia da franquia foi Rose McGowan, como a melhor amiga de Sidney e irmã de Dewey, que teve seu final trágico em uma passagem para animais na porta da garagem. Essa é uma atriz que eu acredito que teria muitos papeis interessantes, pois era muito talentosa e com grande personalidade, mas infelizmente depois de denunciar Harvey Weinstein ficou "queimada" na indústria.

Por falar nesse assunto, é uma grande pena que o autor do livro tenha optado por tornar a questão envolvendo Harvey Weinstein quase irrelevante. Ele menciona o que aconteceu com Rose McGowan de forma superficial, dando a impressão de que não se tratou de algo sério. Na época, infelizmente, não parecia ter sido levado a sério, mas se o objetivo é falar sobre uma das maiores franquias que a empresa dos irmãos Weinstein já teve em mãos, seria de bom tom dedicar pelo menos uma página para explicar o ocorrido e o impacto que isso teve em 2017. Diretamente, o movimento #MeToo não afetou a franquia, mas considerando que uma atriz do primeiro filme sofreu abuso sexual pouco tempo depois do sucesso inicial, e que a franquia esteve sob a Miramax por um período, mereceria ser mencionado. Outra forma de minimizar a situação foi evitar citar o nome de Harvey; sempre que se referia a alguma exigência dos produtores, o autor usava apenas o sobrenome ou usava o nome de seu irmão.

Outro ponto negativo do livro é que o autor não entrevistou o trio principal da franquia. Eu teria adorado ler falas da Neve Campbell ou da Courteney Cox, e até mesmo do David Arquette, que se tornou um personagem tão querido pelos fãs. Não sei se isso se deve à decisão do autor ou à recusa dos atores — provavelmente foi a segunda hipótese —, mas é uma pena. Ter a perspectiva deles seria extremamente valioso para os leitores e fãs, especialmente por serem os únicos que estiveram presentes desde o início da franquia.

Não posso dizer que os pontos negativos desses dois últimos parágrafos estragaram a minha experiencia com a leitura. Aqui nesse texto não citei nem a metade dos assuntos abordados no livro. Ele revisita a franquia inteira, com curiosidades de bastidores, ideias que foram descartadas, motivos que algum personagem ou outro fez tal coisa em cena, etc. A melhor parte, com certeza, é ver os segredos e problemas que envolvem os roteiros e assim até conseguimos entender melhor o motivo de algumas coisas terem dado errado ou não ter agradado o público. Com certeza com a trilogia original aprenderam muita coisa e que melhoraram com os novos filmes, as regras sempre mudam, mas o que não mudou até hoje é o interesse do público - até da nova geração - nesse gênero maravilhoso.

Título: Pânico - O Legado do Grito
Autora: Padraic Maroney
Editora: Darkside Books
Páginas: 284
Tradução: Camila Fernandes Carmecini
Ano: 2025

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