Resenha: Menina Boa Menina Má

21/08/2018

Nunca imaginei uma história contada pela filha de uma serial killer e por isso fiquei extremamente intrigada com Menina Boa Menina Má. O que leva uma filha, ainda adolescente, entregar a única figura familiar que ela tem à policia? Claro que a resposta parece óbvia, mas justamente por essa mulher ser a única figura familiar que ela conhece é curioso pensar no que fez Milly finalmente querer cortar as amarras que a prendia nessa vida.


O livro começa com Milly na delegacia conversando com policias sobre sua mãe. Eles parecem duvidas do que ela está contando, mas são tantos detalhes que eles não pode ignorar e então naquela mesma noite prendem a mulher. À partir daí somos levados a Milly chegando em sua nova casa, com uma família temporária no serviço de proteção a testemunha e também um acompanhamento psicológico para ajuda-la a passar por tudo isso sem criar mais traumas, além da possibilidade de ela ter que depor no julgamento de sua mãe. Nesta nova casa Milly espera encontrar uma família que a ame e a queira não apenas temporariamente e é a junção desse desejo e de suas lembranças que a história é feita.

O livro é narrado pela própria Milly e nesta narração ela está conversando com sua mãe. É como se ela estivesse contando, ainda dando satisfação de sua vida a esta mulher, tudo o que acontece. Em alguns momentos esperando ser punida em outros desafiando essa figura que ela vê como uma autoridade e às vezes expressando seu medo. Aos poucos vamos sabendo de todas as atrocidades que ela cometeu e que Milly foi obrigada a ver durante toda sua vida. Mas o pior de tudo são as coisas que ela obrigou Milly e fazer e as coisas que ela fez com a própria Milly. Pois bem, essa é uma parte da história que é interessante o leitor descobrir durante o livro, mas adianto que são abusivos físicos e psicológicos além do que se é imaginado só vendo pela sinopse.

Eu amei o livro. A forma como a autora faz com que o leitor se sinta na pele da própria Milly é incrível. Durante a maior parte da narrativa ela se questiona sobre o quanto ela pode ser boa e o quanto ela pode ser má, o que ela tem de parecido com a mãe e o que ela tem de diferente, as coisas que ela é capaz de fazer e até onde pode ou deve ir para ter o que deseja. Os relacionamentos que Milly vai criando nesse novo lar, tanto os bons quanto os ruins, revelam muito sobre ela mas ao mesmo tempo causa uma certa confusão. Me peguei várias vezes questionando a sanidade dessa personagem e se ela teria um final bom ou ruim com todos aqueles pensamentos e desejos conturbados.

É um livro que tem uma abordagem sobre o ser humano, o quanto influencias de terceiros podem nos afetar e o quanto podemos lutar para mudar quem somos ou para não nos tornarmos aquilo que não queremos ser, além do que somos capazes de fazer para ter que aquilo que tanto queremos. Um livro que faz o leitor ficar preso na história muito além das páginas.

3 comentários

  1. Amei! Sou fascinado por histórias que apresentam esse teor psicológico, fiquei muito instigado com o caso de Milly, com certeza seus traumas podem provocar atitudes precipitadas e equivocadas, como fará para vencê-los? E que mãe é essa? Muito interessante!
    Abraços! 😊

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  2. Amei!
    Adoro livros que afrontam a realidade, que colocam o ser humano em destaque, e como lidamos com isso..
    Pelo que você contou, o começo do livro com ela na delegacia é um baita começo de livro e já nos dá aquele tapão para acordar e ver o que vai ter durante a história.
    quero ler e muito!

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  3. Que interessante, sua resenha despertou minha vontade em ler e descobrir mais, parabéns! Dica anotada, assim que der vou ler com certeza :)

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com.br

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