Recentemente divulgaram uma lista com os 15 livros mais vendidos no Brasil no ano de 2019 (você pode ver a materia no site do Estadão) e houveram algumas reações negativas por parte dos leitores e, obviamente, não leitores a respeito desta lista. Com base nisso resolvi dar a minha opinião sobre o assunto, já que estou aqui para falar de livros e dar opiniões que ninguém pediu.
Antes de tudo segue a lista:
- A Sutil Arte De Ligar O F*da-Se, de Mark Manson (Intrínseca)
- O Milagre da Manhã, de Hal Elrod (Best Seller)
- Do Mil Ao Milhão. Sem Cortar o Cafezinho, de Thiago Nigro (HarperCollins Brasil)
- Seja Foda!, de Caio Carneiro (Buzz)
- Brincando com Luccas Neto, de Luccas Neto (Pixel)
- As Aventuras na Netoland com Luccas Neto, de Luccas Neto (Nova Fronteira)
- O Poder da Autorresponsabilidade, de Paulo Viera (Gente)
- Os Segredos da Mente Milionária, de T. Harv Eker (Sextante)
- Me Poupe!, de Nathalia Arcuri (Sextante)
- O Poder da Ação: Faça sua Vida Ideal Sair do Papel, de Paulo Vieira (Gente)
- Pai Rico, Pai Pobre - Edição de 20 Anos: Atualizado e Ampliado de Robert Kiyosaki (Alta Books)
- Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie (Nacional)
- Mindset, de Carol S. Dweck (Objetiva)
- O Poder do Hábito, de Charles Duhigg (Objetiva)
- Mais Esperto Que o Diabo, de Napoleon Hill (CDG)
De cara esta lista pode parecer estranha, já que não há nenhum livro de ficção/literatura e muito menos livros sobre história/sociologia, visando nosso cenário politico atual. Mas o que, infelizmente, não percebemos e relacionamos é que indiretamente esta lista reflete cem por cento o nosso cenário atual, já que mais e mais as pessoas estão buscando: 1) enriquecer; 2) a felicidade plena e 3) mudanças interpessoais.
Longe de mim defender essas leituras, quem acompanha o blog sabe que eu não gosto de autoajuda e quando resenhei um só falei mal e recentemente fiz um desafio pessoal para colocar um autoajuda na minha lista de leituras de 2020; Só que onde esses livros vai levar, de fato, as pessoas que o lêem? Quer dizer: você realmente conhece alguém que leu esses livros sobre dinheiro e conseguiram, de fato, enriquecer com facilidade como eles podem propor? Ou que alguém tenha mesmo ligado o foda-se para as coisas sem a ajuda de uma terapia? Qual é!! Claro que a critica não são as pessoas que consomem esse tipo de material, apesar de pessoalmente eu achar que grande parte dessas pessoas são todas iludidas. Mas sim uma critica ao que o nosso sistema nos obriga a acreditar e seguir.
Vamos analisar juntos: se houvessem mais mobilizações para que as pessoas entendessem a importância de uma terapia, você acha que alguns desses títulos seriam best-seller? Eu trabalho em uma livraria e vi ao longo dos dois anos em que estou lá pessoas buscando ajuda real nesses livros, sendo que é claro que todos eles estão longe de fazer isso. Não da para negar que o livro pode vir a ser uma ferramenta para algo que um terapeuta irá falar ao seu paciente, mas ele nunca deve ser visto como a ajuda que aquela pessoa precisa.
Mas Silviane, achei que você iria defender os livros pelo título da postagem. Bom, o problema em si não são os livros, né? Muito menos o livro arbítrio de quem os consomem. Já vi gente que nunca pegou um livro na vida decidindo que irá começar a ler e acaba começando com algum desses da lista. E é isso que eu defendo. O que pode ser um lixo para nós pode ser a oportunidade de surgir novos leitores, por mais que venha a ser um processo longo até essa pessoa ler algo de qualidade. Sem falar que se os leitores que se acham cult pode ler ficção e livros de qualidade de fato comprassem esses livros poderíamos ter uma lista bem diferente. Uma pessoa que consome os livros da lista, pela minha experiencia em atendimento em livraria, não tem habito de procurar livros grátis na internet, ao contrário de nós que baixamos muita coisa e compramos em uma escala menor.
Há necessidade de consciência de que, apesar de o brasileiro estar lendo errado pelo menos ele está lendo alguma coisa e o que ele deve entender que apesar da sua leitura ter uma proposta milagrosa ela é somente uma ideia que pode ou não dar certo, assim como algum ou outro argumento ali pode ser utilizado outros devem ser descartados.
Post muito válido. A idealização de que vamos ser felizes ou enriquecer com esse tipo de livro ainda é acreditada por várias pessoas e deve ser por este motivo que há tanta procura. E concordo também que o bom é que pelo menos o brasileiro lê alguma coisa. Não gosto de autoajuda, mas se estiver realmente ajudando alguém, mesmo que seja a começar a ler, já é válido.
ResponderExcluirBeijos
Imersão Literária
Olá tudo bem?
ResponderExcluirGostei muito do seu post, principalmente por trazer luz a esse tópico: o quanto as pessoas estão desesperadas para enriquecer ou serem felizes. Existem alguns que até mesmo confundem esses dois e aí acaba numa grande confusão. Além disso, como estudante de psicologia, gostei do que você falou sobre as pessoas que necessitam de terapia, mas procuram por meios alternativos. Até porque, parece muito mais fácil ler um livro que vende a nossa "salvação" do que encarar quem somos e o que fazemos.
Beijos
Oi Silviane.
ResponderExcluirNada contra quem gosta dos livros dessa lista do Estadão, mas eu tenho interesse em apenas um livro, A Sutil Arte De Ligar O F*da-Se. Mas acho que toda leitura é validade, pois os novos leitores podem interessar por outros livros. Agora que essa lista é um pouco estranha, isso eu concordo. Parabéns pelo post.
Bjos
Quando li a lista pense: esse pessoal só pensa em dinheiro! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk E quando dei continuidade na leitura do seu post percebi que você teve a mesma leitura que eu e acho que as coisas caminham por aí mesmo viu?! É um reflexo da nossa sociedade, de forma simples e clara!
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