Este livro, até onde eu eu consigo lembrar, foi o primeiro em segunda pessoa que li. De inicio sabemos que Pedro perdeu seu pai recentemente e nessa história é como se ele estivesse contando a história de seu pai para seu pai. Então sabemos um pouco sobre sua infância e muito sobre seu casamento com mãe de Pedro, que foi uma época muito conturbada na vida do casa que possuem seus próprios fantasmas, como citado no livro mesmo. Henrique, o pai, foi um pouco ausente na vida do filho justamente pelos problemas no casamento, mas é possível vermos que Pedro sente um grande amor pelo seu pai e que ele sempre foi uma influência em sua vida, sendo uma delas em relação a sua negritude. Henrique aprendeu a ser consciente de sua negritude aos poucos e essa consciência foi muito maior após ter um professor que falava abertamente sobre isso. À partir desse momento ele entendeu seu papal como homem negro na sociedade e suas implicações em seus relacionamentos amorosos, com família e alunos.
Em poucos meses vocês perceberam que a cor da pele era algo importante e que não poderia mais ser ignorado no relacionamento de vocês.
Além da história dessa família o que mais gostei nesse livro foi a forma como ele conversa sobre negritude com o leitor. Acredito que sendo em segunda pessoa e sendo lido por uma pessoa negra o livro vai fazer com que essa leitora quase sinta que uma parte de sua própria história esteja sendo contada ali; e eu lendo esse livro como uma pessoa branca senti como se o livro quisesse me fazer sentir empatia por tudo o que os negros sofrem no Brasil. Percebo nessa história, pela forma como é contada, que o racismo estrutural do qual faço parte a cada dia mais pega o espaço dessas pessoas para viver em sociedade e que é muito difícil para uma pessoa negra se entender como negra sabendo que é à partir desse momento que toda a sua identicidade é roubada, se resumindo apenas a cor de sua pele. Aquilo que deveria ser o mais insignificante. Acho que assim é até simples de entender logo o título do livro. Esse livro conseguiu me mostrar como funciona todas as teorias que eu li nesses últimos tempos em relação ao racismo, colorismo, e principalmente como é que a sociedade em geral lida com isso. É muito, mas muito ruim dizer que é tudo uma !@#$%¨, ainda mais eu sendo branca e por isso ser parte do problema.
Essa história me conquisto muito, não somente pelas questões já citadas acima, mas a forma como ela é escrita. Um filho em luto revivendo toda a história de seus pais até o ponto critico da trama. O autor conseguiu encaixar tudo muito certinho, todos os diálogos e ações, mostrando também que cada uma de nossas atitudes nos trazem para onde estamos hoje. Apesar de Pedro falar pouco sobre ele é um personagem que eu gostei bastante de acompanhar, pois ele mesmo tem um caminho até entender sua negritude da mesma forma que o pai. Uma personagem que apareceu somente duas vezes e conseguiu ser muito importante é irmã de Henrique, Luara. Uma mulher que se posiciona e reivindica seu lugar, marcando seu irmão e seu sobrinho com seus ensinamentos mesmo que não seja intencional.
O Avesso da Pele é um livro que eu já coloquei em meus favoritos da vida e que eu vou indicar para tantas pessoas, tanto pela sua história ou pela sua necessidade dele, já que ele te ensina e te mostra um mundo que, às vezes, não vemos. E, claro, é um livro muito gostoso de ler, apesar de falar sobre temas considerados pesados, mas ele é bastante fluido e a cada página queremos mais e mais.
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Título: O Avesso da Pele • Autor: Jeferson Tenório • Editora: Companhia das Letras
Que bom que foi uma leitura tão boa! Eu quase peguei na NetGalley, mas acabei não fazendo isso. Eu já li alguns livros em segunda pessoa e foram experiências bem interessantes. Que bacana que você conseguiu sentir empatia durante a leitura, é muito legal quando a gente consegue se colocar no lugar do personagem de alguma maneira.
ResponderExcluirBeijos
- Tami
https://www.meuepilogo.com
Não conhecia o livro, mas sua resenha me deixou curiosa e dá para perceber o quão bom é o livro, com certeza darei uma chance, livros com esses temas são fodas demais
ResponderExcluirBrubs
https://quemevcbrubs.blogspot.com/
Silviane!
ResponderExcluirImportante que possamos fazer leituras de livros como esse, porque devemos ter cada vez mais consciência do quanto as pessoas negras sofreram abertamente e ainda sofrem veladamente com o preconceito que por sinal, nem entendo porque existe, afinal, todos somos pessoas, independente da cor da pele.
Já anotei para fazer a leitura, porque tenho lido cada vez mais livros escritos por negros e/ou com enredos que falem sobre eles., um verdadeiro aprendizado.
cheirinhos
Rudy
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirTerminei a resenha querendo começar esse livro pra ontem! Além de ver certa poesia em narrativas em segunda pessoa, o tema é algo que precisa ser debatido e colocado à luz, porque nossa sociedade tem muito o que avançar.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Olá, Silviane.
ResponderExcluirEu não quis participar dessa maratona de nacionais promovida pela editora porque quando vi os livros, percebi que não ia dar para mim. Estou fugindo de livros assim faz algum tempo já. Mas é um livro que tenho interesse e quando tudo isso passar vou querer ler.
Prefácio
Hey Silviane,
ResponderExcluirEstou me proponde ler mais nacionais e expandir minhas leituras. Esse parece ser um livro sensível e um exercício de empatia.
Parabéns pela escrita da resenha, você conseguiu passar os sentimentos sobre o livro expondo só o suficiente do enredo. Isso acaba me instigando mais a ler.
Boas leituras e parabéns pelo conteúdo,
Apesar do Caos
Ola
ResponderExcluira primeira resenha que leio sobre esse livro e é tão importante quando o autor nos leva a sentir empatia pelos personagens ,e que tem um enredo super importante ,que trata de um assunto que ja deveria ter acabado já que é o racismo .
quero ler sim .