Resenha: Garota A

29/03/2022

Olá, leitoras.

Quem acompanha o blog há algum tempo sabe que eu adoro um suspense e que há algum tempo não li um que me prendia até a última página, então quando minha amiga me emprestou Garota A com a promessa que esse livro iria me agradar eu logo fui ler para ver se finalmente me prendia em alguma leitura neste ano. Fico feliz que ela tinha razão, pois mesmo demorando mais de uma semana para ler (eu estou em um ritmo muito fraco) e me pegava curiosa sobre a história sempre que não estava lendo.

Garota A é narrado em primeira pessoa pela própria Garota A, ou Alexandra Gracie. Aos 15 anos ela fugiu de casa. Mas ao contrário do parece não foi por rebeldia. Ela fugiu de casa pois seus pais a deixavam acorrentada, passando fome, vivendo junto de suas próprias excreções. Além dela seus irmãos e irmãs também viviam na mesma condição precária e sua fuga acabou sendo a salvação deles.

A história se passa nos dias atuais, onde ela é advogada e tem uma carreira de sucesso e feliz com seus amigos e luxos em NY. Mas sua rotina acaba sendo abalada quando sua mãe, que estava presa há anos, morre e ela é chamada para lidar com algumas questões burocráticas como ficar responsável pela "Casa dos Horrores" (como ficou conhecida a casa em que as crianças eram mantidas em cárcere) e poder dar algum fim aquele lugar horrível. Intercalando em sua viagem e encontro os irmãos para resolver as coisas Lex acaba relembrando do seu passado desde a primeira infância em um modo de compreender como que a família, antes tida como perfeita, chegou naquele ponto.

Eu acho que com essa breve descrição eu nem preciso dizer que o livro contém diversos gatilhos, né? Ainda que a autora teve a sensibilidade de não dar detalhes nada só de falar brevemente sobre algo acaba embrulhando o estômago (e olha que eu não sou sensível a essas coisas). Nesta história podemos ver os limites das pessoas quando são presas em seus pensamentos religiosos de forma exagerada e as consequências que toda uma família (crianças!!) sofrem por causa desse pai tão rigoroso e fanático. Quanto a mãe chega em um momento que eu tentei não julga-la com tanto ódio como fazia com o pai. Uma mulher sempre submissa ao seu marido nunca conseguia se expressar da forma como queria, vivendo a sombra daquela situação e tendo que sempre gerar um filho com a expectativa de formar uma família perfeita. Lex tem muito ressentimento dela, com razão, e por isso ignora todas as possíveis coisas ruins que sua mãe sofreu em segredo e por ela ser a narradora da história nós podemos imaginar o pior.

Apesar de gostar do livro senti falta de um mistério a ser resolvido, como é de praxe em livros assim. Não havia ninguém morrendo ou desaparecendo e o único personagem que poderia dar algum problema nesse sentido acabou tendo destaque somente em um capítulo e raras menções durante a história. Há um plot twist no fim, mas não houve a sensação de que a autora estava nos preparando para isso, então ele acabou ficando um pouco sem graça para mim. Também senti falta do ponto de vista dos irmãos sobre o passado, nem que fosse em um diálogo mais profundo. Muito difícil em confiar apenas em uma narradora, ainda mais diante de uma situação traumática, e naquela casa todos sofreram abusos psicológicos e físicos diferentes, então entender como isso os afetou para que eles se tornassem as pessoas que são na vida adulta seria interessante.

Recomendo essa leitura para todas e todos que amam um suspense, mas se você for sensível ao tema vai com cuidado. É uma boa história, mas não vale a pena estragar sua saúde mental.

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Título: Garota A • Autora: Abigail Dean
Editora: Verus Editora • Tradução: Ryta Vinagre
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